Energia que vem do fundo do oceano: como funciona uma plataforma de petróleo

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ATUALIZADO EM outubro 2019

Quando abastecemos nosso carro ou compramos novas escovas de dente, estamos consumindo produtos derivados do petróleo. Mais presente no cotidiano do que podemos imaginar, o petróleo precisa de um longo processo de exploração e produção até chegar nos postos de combustíveis ou nas gôndolas da farmácia em forma dos mais variados produtos.

A primeira imagem que vem à cabeça quando pensamos em exploração e produção de petróleo são as plataformas no meio do mar, mas o que vemos é apenas uma pequena parcela do gigantesco mundo que se esconde a quilômetros de distância da costa.

Para cada profundidade, um tipo de plataforma

Dependendo da profundidade em que se encontra a reserva de petróleo, as plataformas podem ser fixas ou flutuantes (nessa categoria, encontram-se as plataformas chamadas semissubmersíveis, FPSO (Unidade Flutuante de Armazenamento e Transferência) e a TLWP (plataforma de pernas tensionadas). Para poços a até 300 metros de profundidade, usa-se plataformas fixas, que ficam ligadas ao subsolo oceânico por ‘pilares’. Para profundidades superiores a 300 metros, faz-se necessário o uso de plataformas flutuantes. Esse tipo possui cascos como os de um navio e é o modelo mais utilizado para produzir na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, onde se chega a quase 2 mil metros de profundidade.

Diferente das plataformas fixas, as plataformas flutuantes não têm pilares presos ao fundo do mar, mas isso não quer dizer que elas ficam à deriva no oceano. Âncoras especiais ficam cravadas no solo oceânico. Feitos de poliéster (um material derivado do petróleo), os cabos de ancoragem ajudam a manter a plataforma em sua localização, em cima dos poços de onde extrai o petróleo. As plataformas flutuantes também precisam de uma estrutura que garanta a estabilidade necessária para a operação e, para isso, tecnologias avançadas são utilizadas para que as embarcações se ajustem de forma segura à ondulação do oceano.

O processo de exploração e produção

No solo oceânico, na chamada boca do poço de petróleo, encontra-se a ‘árvore de natal molhada’ que é um equipamento enorme e de altíssima tecnologia, composto por um conjunto de válvulas responsável por centralizar as tubulações que penetram no subsolo em vários pontos de extração do poço. A partir dessa instalação, uma mistura de gases, petróleo e água que sai do poço é enviada para a plataforma. Esse percurso pode atingir mais de 2 quilômetros de extensão.

Assim que chega, essa mistura é separada por uma série de equipamentos e cada elemento tem um destino: a água, depois de tratada, é devolvida limpa ao mar; o petróleo e o gás natural são mandados para a costa e os gases não aproveitados são queimados ou reinjetados nos poços por meio de uma tecnologia que ajuda a reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e a proteger o meio-ambiente.

O gás natural é levado até a costa por meio de gasodutos fixados no fundo do mar, que chegam a percorrer mais de 120 quilômetros. Caso não seja possível a construção dos dutos, o gás natural passa por um processo de liquefação para ser transportado, chegando a atingir 160 graus abaixo de zero. Através deste processo, consegue-se reduzir o volume em até 600 vezes, ajudando no transporte via navios metaneiros. Quando chega no porto, esse material é encaminhado a terminais de armazenamento e regaseificação para distribuição.

Já o petróleo pode ser enviado por oleodutos ou retirado por embarcações. Nesse caso, ele pode ser estocado em um tanque flutuante que fica fixado a cerca de 2 quilômetros da plataforma.

Tecnologia a favor da segurança dos funcionários

Antes, a vistoria das tubulações e dos cascos era feita por mergulhadores. Hoje, com avanços tecnológicos, a maior parte da inspeção e manutenção é feita remotamente por robôs. A limpeza do interior das tubulações também segue o mesmo padrão tecnológico.

O dia a dia dos funcionários nas plataformas

Diariamente, o heliponto, localizado na área mais segura da plataforma, recebe funcionários que ficarão ‘hospedados’ por aproximadamente 14 dias consecutivos trabalhando no cidade flutuante. Para recebê-los, uma estrutura de restaurantes, dormitórios, academia de musculação, sala de TV e de jogos é montada para lhes garantir o maior conforto.

Para começar a produzir petróleo em um novo campo, leva-se até 10 anos, e depois se passa cerca de 30 anos produzindo a sua reserva. Além de tempo, o processo de exploração e produção de cada plataforma envolve milhares de pessoas que, direta e indiretamente, trabalham dia e noite no setor de óleo e gás.

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