Além da Superfície

Desigualdade de gênero e as mudanças climáticas

Gender equality concept. Wooden block turning a unequal sign to a equal sign between symbols of men and women. Copy space

* Por Caio Mello, do Meio

A emergência climática afeta a qualidade de vida global, mas evidências recentes apontam que impacta de forma mais acentuada as mulheres devido às desigualdades de gênero preexistentes. Segundo a ONU Mulheres, o gênero feminino representa uma parcela significativa da população pobre no mundo, sendo mais vulneráveis a fenômenos climáticos extremos. Em países de renda média e baixa, a participação feminina na agricultura também é crucial, representando 40% da força de trabalho, mas apenas 20% possuem propriedades de terra. Com isso, os efeitos das mudanças climáticas agravam essas desigualdades, sobrecarregando mulheres com tarefas como a coleta de água e aumentando o risco de violência em áreas afetadas por desastres naturais.

A inclusão de uma perspectiva de gênero em planos de ação climática e na evolução energética é essencial para reduzir os impactos desiguais e assegurar que as mulheres, que tendem a adotar hábitos mais sustentáveis, tenham uma participação ativa nas decisões sobre mitigação e adaptação climática. Inclusive, semana passada, o Governo Federal promoveu o evento “Mulheres na Transição Energética” em Foz do Iguaçu (PR), reunindo autoridades como a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias. Durante o encontro, a ministra Cida Gonçalves destacou a necessidade de garantir tanto o acesso à energia quanto a presença feminina em debates e decisões sobre transição energética. “Há muitas mulheres que ainda não têm acesso à energia”, afirmou.

Segundo a Agência Internacional da Energia, as mulheres representam apenas 22% da força de trabalho no setor energético. No painel “Inclusão das Mulheres no Processo Decisório da Transição Energética”, destacou-se a pobreza energética que afeta muitas mulheres, especialmente as que vivem com rendas mais baixas. Hoje, mais de 2,2 bilhões de pessoas no mundo, em sua maioria mulheres, cozinham com lenha, carvão ou querosene.