Por Caio Mello, do Canal Meio
Chegamos ao último texto da parceria entre o Meio e o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Ao longo das últimas semanas, vários temas foram abordados para elucidar os principais movimentos do Brasil em direção à evolução energética, processo de substituição gradual das fontes de energia, buscando uma economia com menor emissão de carbono, enquanto garante o suprimento da demanda cada vez mais elevada. Exploramos como o setor de petróleo e gás está se posicionando frente à transição energética, que não é uma ruptura, mas uma forma de as fontes de energia desempenharem papéis complementares.
O petróleo, muitas vezes visto apenas como parte do passado, é um aliado estratégico das energias renováveis, e o setor oferece suporte técnico e logístico, além do apoio na infraestrutura de transporte e armazenamento. Por exemplo, a experiência na gestão de gasodutos e plataformas offshore está sendo adaptada para suportar redes de energia renovável, promovendo integração e eficiência. Outro exemplo de intercâmbio de experiências é o das eólicas offshore, um campo em que o Brasil desponta como um dos mais promissores.
Inclusive, o país está em posição privilegiada para ser uma referência global no aspecto da economia sustentável, com uma matriz energética que já é composta por 49% de fontes renováveis, em contraste com a média global, que ainda depende fortemente de combustíveis fósseis. As condições naturais brasileiras, aliadas a uma indústria comprometida com a inovação, colocam o país como candidato natural à vanguarda das energias limpas e do cuidado com o meio ambiente. Apesar disso, também foi apontado como, por vezes, a falta de estrutura e de um arcabouço jurídico freia essa capacidade e potencial.
O Brasil também é referência global na produção de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, que já fazem parte da matriz energética e são um exemplo de como alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Esses combustíveis de origem renovável são especialmente importantes no contexto do transporte, permitindo uma redução significativa das emissões de carbono. Outros destaques são o SAF e o Diesel Verde (HVO), apostas para o futuro próximo. Produzidos a partir de matérias primas renováveis e sustentáveis, principalmente óleos vegetais, o SAF e o HVO fazem parte de uma nova geração de combustíveis. São “Drop-in“, ou seja, quimicamente análogos aos combustíveis fósseis do seu segmento, querosene e diesel respectivamente, além de compatíveis com a infraestrutura e motores existentes. Grandes players do setor de petróleo e gás estão investindo em projetos piloto que colocam o Brasil em posição de liderança no desenvolvimento desses mercados, especialmente o mercado de SAF que está alinhado a metas de descarbonização da aviação internacional.
Além disso, vale ressaltar o papel estratégico do gás natural como uma solução de transição. Sua menor emissão de carbono em comparação ao carvão e ao petróleo o tornam um aliado na redução imediata do impacto ambiental, enquanto as fontes renováveis ganham escala e estabilidade no fornecimento de energia.
A evolução energética, então, não é apenas sobre tecnologias: ela também exige olhar para os impactos sociais e econômicos, garantindo que o acesso à energia seja democratizado e que nenhuma região ou setor da sociedade fique para trás. Por isso, também é fundamental o combate à desinformação, para que a população esteja ciente da realidade produtiva e ambiental do Brasil, para entender as potencialidades, caminhos e desafios da economia e do meio ambiente, e do quanto essas duas áreas caminham juntas para mudar o patamar da realidade brasileira.