A IA Generativa não está substituindo os humanos. Ela não tem a capacidade humana de se adaptar dinamicamente. É o que explica Cézar Taurion, Chief Strategy Officer da Mobili Partners e Founder & Chief Executive Officer (CEO) da Ananque.
“A (IA) generativa não está substituindo os humanos, não tem a capacidade de fazer isso. Se a sua tarefa é robotizada, na verdade, você está fazendo o trabalho de um robô. Mas, se sua tarefa não é robotizável, a máquina não vai fazer o que você faz”, defendeu o especialista na 3ª edição do iUP Talks, promovido em dezembro.
Uma evolução, não uma revolução
O executivo lembrou que a Inteligência Artificial é um conjunto de disciplinas muito mais amplo e que está presente na vida cotidiana de muitas outras formas: desde a precificação dinâmica do carro de aplicativo, o modo “autocompletar” do e-mail até as recomendações do serviço de streamming.
“Nós já estamos imersos na inteligência artificial. E o grande fator desse ‘não perceber’ é que, antes, os modelos de inteligência artificial estavam debaixo de camadas e camadas de software e não apareciam”, explicou.
Por isso, apesar da popularização da IA Generativa com o ChatGPT, criado em 2022, a ferramenta não representa necessariamente um a revolução, mas, sim, uma evolução tecnológica, já que há registros do termo “inteligência artificial” desde a década de 1950. A revolução ficou por conta da interface que permite falar de igual para igual com a máquina.
Fluência não é inteligência
Taurion destacou que o termo “inteligência artificial” é, na verdade, enganoso, pois não existe inteligência no sentido humano. Segundo ele, esses sistemas apenas simulam processos cognitivos por meio de modelos matemáticos e estatísticos, que podem gerar resultados sofisticados, mas sem qualquer consciência ou intenção.
Ele explicou que, quando ferramentas como Gemini ou ChatGPT produzem um texto, não compreendem o que estão escrevendo; trabalham com fragmentos de palavras, chamados tokens, e calculam probabilidades para formar sequências plausíveis. Para o sistema, tudo se resume a estatística, embora a fluência das respostas crie a impressão de diálogo inteligente: uma percepção que leva muitos a antropomorfizar a tecnologia e superestimar suas capacidades.
Entre o hype e a realidade
Essa percepção equivocada, segundo Taurion, alimenta o hype em torno da IA e leva empresas a decisões precipitadas, um movimento que os números confirmam. De acordo com o relatório State of AI 2024, da McKinsey, 81% dos pilotos de GenAI não avançam além da fase de experimentação. A pesquisa Emerging Tech Survey 2024, da Gartner, reforça: apenas 4% das empresas conseguiram implementar GenAI em escala. E, segundo o estudo The GenAI Divide: State of AI in Business 2025, do MIT, 95% dos projetos não geraram retorno mensurável.
Por que muitos projetos falham?
Taurion destacou três fatores críticos para a baixa taxa de sucesso das iniciativas em IA:
- A empresa quer pagar por um problema de negócio
Muitas empresas entram no hype e acharam que tinham que fazer alguma coisa em IA generativa. “Não adianta só ter números de adoção. Qual o valor real que eu estou extraindo da aplicação de inteligência artificial? Então, a primeira coisa é: não quero um projeto de IA. A empresa quer pagar por um problema de negócio”, enfatizou.
- Nunca comece pela ferramenta
A ferramenta é usada depois da definição do que se quer fazer. Em seguida, entra o passo de “como fazer”. “Se você tem um martelo, tudo vira prego”.
- Dados
Taurion lembrou que, sem dados confiáveis, a IA é apenas um palpite sofisticado. Para gerar valor real, é importante garantir governança, qualidade e variedade dos dados. Segundo a Gartner, 57% das organizações dizem que seus dados não estão prontos para a IA. “Se eu não tiver um processo de governança de dados, é muito arriscado pensar em fazer alguma coisa com inteligência artificial”, concluiu.
