Além da Superfície

Como o setor de óleo e gás recupera a água utilizada em suas operações?

A extração de petróleo, especialmente no Brasil, onde parcela significativa desse recurso natural está localizada no fundo do mar, envolve grandes quantidades de água. Um dos principais subprodutos é a chamada água produzida, com composição similar à água do mar, mas em diferentes proporções de sais e minerais, além de outros produtos químicos e resíduos de óleo e graxas envolvidos no processo. Para que essa água seja retornada ao ambiente, é preciso que ela seja tratada dentro das normas definidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). De que forma a água é utilizada, reutilizada e recuperada dentro da cadeia de produção do petróleo?

Para que serve a água no processo de perfuração?

As plataformas de perfuração precisam de um significativo aporte de água para a composição dos chamados fluidos de perfuração, que possuem funções como o carreamento de cascalhos para a superfície, resfriamento e transmissão de força hidráulica para a broca e também para manter a pressão dos poços sob controle através dos testes hidrostáticos. Esses fluidos variam em termos de composição, mas, de modo geral, são essenciais para que a extração do óleo bruto seja feita com segurança.
Além desses usos, a água doce é utilizada para geração de vapor, combate a emergências e consumo humano.

Como é a recuperação da água produzida?

Mesmo com o uso consciente e a reutilização dos recursos hídricos, a água produzida ainda é o principal efluente do processo de produção de petróleo. Por isso, antes de ser devolvida ao meio ambiente, ela precisa ser tratada. Existem diversos processos para separar os resíduos de óleo da água e, em geral, vários deles são empregados em conjunto, com a meta de alcançar as concentrações residuais mínimas exigidas pelo CONAMA.

Diversos métodos, como a separação gravitacional, flotação e hidrociclones se baseiam nas propriedades físico-químicas distintas da água e do óleo, obtendo a separação dessas substâncias devido às diferentes densidades. Na flotação, por exemplo, são formadas bolhas gasosas no reservatório de água produzida, que aderem às gotículas de óleo dispersas. Com isso, o óleo sobe à superfície e se concentra em uma camada de espuma, que pode ser removida com facilidade.
Existem outros métodos, menos convencionais e mais caros que, em alguns casos, envolvem reações químicas e agentes biológicos na purificação da água produzida, mas eles ainda atuam como coadjuvantes no processo de tratamento. Um exemplo é o uso de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos, que metabolizam amônia e compostos orgânicos mas que não atuam em resíduos sólidos dissolvidos na água produzida.

O uso racional dos recursos hídricos é uma das principais preocupações ambientais do século XXI. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) projeta que, de 2001 a 2050, a demanda mundial por água vai crescer 55%, enquanto projeções da ONU indicam um déficit hídrico global de 40% até 2030. Por isso, é fundamental que a tecnologia seja uma aliada na busca por processos mais eficientes.