Além da Superfície

Inclusão de pessoas com deficiência ainda é desafio no setor, aponta pesquisa

Um levantamento inédito realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), por meio do seu Grupo de Trabalho de Pessoas com Deficiência (PcD), mostra que a inclusão de pessoas com deficiência (PCD) no setor de óleo, gás e biocombustíveis ainda enfrenta barreiras significativas. Apesar de avanços pontuais, os dados indicam que menos de 40% das empresas possuem políticas específicas para PcD 

Os dados – apresentados no webinar Fórum Intersetorial de Acessibilidade e Inclusão, promovido no início de dezembro e apoiado pela slb – são fruto do “Levantamento sobre Diversidade, Equidade e Inclusão de PcD no setor de Óleo & Gás no Brasil”, conduzido em 2024 pelo GT. A pesquisa contou com 33 contribuições – sendo 19 do upstream, 7 do mistream e 7 do downstream – em cima de um questionário de 48 perguntas divididas em 5 grupos – política e infraestruturarecrutamentodesenvolvimento de carreirafinanceiro; e saúde e segurança. O relatório completo divulgado ao público ano que vem.     

Política e infraestrutura 

Embora menos de 40% das empresas tenha relatado possuir política específica para inclusão de PcD, Leonardo Knittelconsultor e um dos coordenadores da pesquisa, ressalta que isso não significa necessariamente um baixo engajamento no tema por parte das empresas.  

“Isso não quer dizer que as outras 61%, 60% das empresas não fazem nada. Muitas vezes, algumas empresas têm políticas mais genéricas em relação à inclusão. Com certeza, temos margem para avançar nisso, mas já temos um número bem expressivo de empresas do setor que têm políticas específicas para pessoas com deficiências”, explica.  

Cerca de 64% das empresas afirmaram ter a infraestrutura dedicada para PcD no local de trabalho implementada e mantida de forma eficaz. Dentre as políticas oferecidas pelas empresas, estão oferta de trabalho 100% remoto para PcD, jornada reduzida e vagas de estacionamento reservadas. 

Em relação à acessibilidade física, 61% afirmam ter banheiros adaptados e 55% possuem rampas e elevadores, mas apenas 27% têm alertas de emergência sonoros e visuais, essenciais para segurança de pessoas com deficiência auditiva ou visual, e só 30% têm rotas de emergência adaptadas.  

Recrutamento 

No recrutamento, 45% das empresas declararam ter políticas formais para contratação ou de prática de diversidade PcD, mas apenas 39% adaptam seus processos seletivos conforme a deficiência do candidato. A falta de candidatos qualificados e o desconhecimento sobre onde encontrá-los foram indicados como as principais barreiras de contratação.  

“A gente tem uma série de questões que afetam umas às outras e, se não olharmos de maneira harmoniosa em termos holísticos, não vamos conseguir trazer mais pessoas com deficiência para nosso setor”, defende João Peixoto, consultor de remuneração e benefícios na TotalEnergies e coordenador do levantamento. 

Tomada de decisões 

Quase metade das empresas têm seus colaboradores PcD envolvidos em tomadas de decisão que os afetam diretamente e 45% delas possuem processos de auditoria ou avaliações regulares para monitorar a conformidade com leis e políticas de inclusão de PcD.  

“Esse foi o primeiro levantamento setorial. Portanto, a gente não consegue traçar comparações históricas. Essa é a nossa missão: que essa pesquisa se torne recorrente, ampliando sua abrangência, aprimorando a metodologia, em parcerias com institutos de pesquisa e universidades. A gente entende que, assim, pode acompanhar a evolução do setor e apoiar as empresas na construção de um ambiente cada vez mais inclusivo”, explica Bruno Montenegro, gerente de engenharia e construção na Equinor e coordenador da pesquisa.  

Assista aqui ao Fórum Intersetorial de Acessibilidade e Inclusão.  

 

 

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