A inovação tecnológica vem modificando a oferta de gás natural no Brasil e no mundo, sobretudo em áreas onde a produção dessa fonte de energia se mostra economicamente inviável. As soluções vão desde transformação do insumo em produtos finais ao consumidor ao aproveitamento da produção in loco.
Em estudo há vários anos, a tecnologia Gas-to-Liquids (GTL), que converte gás em combustíveis líquidos como diesel e querosene de aviação, entre outros, vem ganhando força como mais uma opção de monetização da fonte de energia . No Brasil, poderia ser uma alternativa para os campos do pré-sal, grande parte deles distante da costa. A GTL reduziria custos com a construção de gasodutos de escoamento, aponta a gerente de Projetos de Energia da ExxonMobil, Sujata Bhatia.
Bhatia reconhece que será necessário maior flexibilidade na alocação dos recursos. No entanto, o empreendedor teria produtos de maior valor estratégico, como diesel para geração elétrica na própria plataforma de produção de petróleo e gás natural. Além da facilidade de transportar combustíveis líquidos em navios para os centros de demanda.
Hidrato de metano
Outra possibilidade é o hidrato de metano. O coordenador do Grupo de Geoquímica de Superfície do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Dennis Miller, explica que a tecnologia é uma evolução maior do gás natural. Mesmo ainda precisando de aperfeiçoamentos, a técnica se mostrou viável em testes realizados no Brasil e no exterior.
O hidrato de metano é uma espécie de “gelo” que se forma em reservatórios de óleo e gás e linhas de produção e no qual o gás fica aprisionado. Para seu aproveitamento são utilizadas técnicas como injeção de dióxido de carbono (CO2).
Miller conta que a tecnologia foi testada no Alasca, em 2012, com a produção de 28 mil m³ de gás natural.
GNL – Gás natural liquefeito em pequena escala
Embora já bastante conhecido da indústria, o gás natural liquefeito (GNL) também vem passando por aprimoramentos. O diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Golar Power, Edson Real, aponta algumas alternativas de escoamento do produto, como a small scale. Trata-se do envio do combustível diretamente do terminal de regaseificação para caminhões, que transportam o gás para locais desprovidos de redes de distribuição.
O executivo também aposta na expansão do uso de navios do tipo FLNG. Essas embarcações liquefazem o gás natural no próprio campo de onde ele é extraído e transferem o combustível em estado líquido para navios metaneiros, responsáveis pelo transporte para terminais de regaseificação em terra.
*Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018