O gás natural é a aposta das companhias de petróleo rumo a um futuro sustentável e pode ter papel fundamental para viabilizar o Acordo de Paris – compromisso assumido por 195 países para reduzir a emissão de gás do efeito estufa (GEE). O combustível também surge como uma solução – e não apenas uma possibilidade – para resolver a intermitência das fontes de energia renováveis , o que vem sendo amplamente discutido por agentes do setor elétrico brasileiro, pelas características da matriz elétrica do país.
“O gás natural pode ter papel fundamental no sistema energético brasileiro. O acoplamento é perfeito com as renováveis, que tem intermitência e sazonalidade. Portanto, o gás é um parceiro que pode crescer junto com as renováveis, e isso já vem acontecendo em alguns mercados no mundo”, explica o diretor de Planejamento Estratégico da Repsol, Alejandro Oliva.
Mas, para isso, é preciso o Brasil avançar na criação de um ambiente regulatório estável e previsível, aponta Irene Rummelhoff, vice-presidente-executiva de Marketing, Midstream e Processamento da Equinor. “Temos o desafio de vender gás natural no Brasil, que atualmente tem uma demanda limitada. O combustível pode ter uma função crítica de demanda no país e pode substituir a energia hidráulica, por exemplo. O Brasil pode desenvolver ainda mais a indústria de gás, mas isso irá depender de políticas e regulamentações robustas para o gás”, opina.
A executiva conta que a Equinor está disposta a perfurar cinco poços de “alto impacto” nos próximos anos em áreas de exploração e produção (E&P) que opera no país – os blocos se localizam nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Até o fim de 2018, a companhia pretende iniciar a perfuração de um poço na área Norte de Carcará, em Santos, após a fase de testes que está sendo realizada no prospecto de Guanxuma, na mesma bacia.
Integração da América Latina
Segundo dados da International Gas Union (IGU), o gás natural tem potencial para ser o combustível fóssil com crescimento mais rápido no planeta: da ordem de 1,6% por ano até 2040. O secretário geral da IGU, Luiz Bertrán, aponta que é preciso maior competitividade para reduzir custos na cadeia produtiva e de desenvolvimento da produção de gás natural no Brasil. “Vemos um crescimento promissor para o energético. Nas Américas existem programas interessantes para o gás.”
Bertrán explica ainda que a diversidade geográfica na produção de gás natural na América Latina pode ser um grande diferencial para México, Argentina, Brasil e Bolívia, a partir do momento em que esses quatro países podem aumentar sua produção e integrar o mercado regional.
*Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018