O mundo está em uma jornada para a descarbonização e o carbono azul é um importante aliado nesse processo. Foi o que afirmou Weber Amaral, professor da Universidade de São Paulo (USP), no evento ‘Mentes de Energia’ de outubro. Ele destacou também que o Brasil tem um papel fundamental, pois é o país que possui a matriz energética majoritariamente renovável. Esses encontros, promovidos pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), têm o objetivo de aproximar os jovens estudantes, ou em início de carreira, do mercado de óleo e gás.
Carbono azul é um termo relacionado ao sequestro de carbono pelos oceanos e ecossistemas costeiros e os projetos nessa área podem ser muito significativos para o processo de descarbonização. “O Brasil tem competência tecnológica e pode ir além dos projetos florestais. Há uma visão do mercado mundial que o Brasil está numa jornada importante nesse processo de descarbonização, mas ainda não aproveita as oportunidades para carbono azul”, comentou.
Amaral explicou que, assim como as florestas tropicais, os oceanos sofrem os impactos negativos das mudanças climáticas, mas também são parte da solução para reduzir as emissões de carbono. Ele afirmou que poucos projetos de carbono azul foram desenvolvidos no país e que quando se fala em soluções baseadas na natureza, o mercado de carbono geralmente olha apenas para os ativos florestais.
“Literalmente, temos um oceano azul para realizar esses projetos. Mas precisamos olhar o portfólio de projetos e eles não podem competir entre si. Quando falamos de iniciativas com base na natureza, temos muitas opções além das florestais”.
Para o professor, o maior desafio hoje para destravar o mercado de carbono é a falta de regulamentação. A PL 412, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio e Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), é um importante passo nesse processo de criação de um mercado regulado.
“A gente enfrenta inúmeros desafios, tanto para quem quer descarbonizar, que não sabe quanto custa desenvolver um projeto e quando o dinheiro vai retornar, quanto para quem compraria, pela falta de transparência em relação aos preços e de padronização. Tudo isso está muito ligado à falta de um mercado regulado.
Amaral destacou o papel das empresas de óleo e gás nesse processo. Ele informou que as grandes corporações estão assumindo metas arrojadas para descarbonizar, o que é um grande impulsionador para o desenvolvimento desse mercado de carbono. “Isso nos mostra que há uma demanda e que ela precisa ser capturada e validada. Essa aprovação da PL 412, por unanimidade pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, só comprova o tamanho da demanda e a necessidade de regulação”, concluiu.