A mudança na matriz energética brasileira é cada vez mais nítida, com maior penetração de fontes de energias renováveis, principalmente energia eólica e energia solar, o que exige uma fonte de base e barata que possa dar conta das intermitências. É neste cenário que as companhias apostam para desenvolver o mercado termelétrico a gás natural no Brasil. Existem atualmente 166 termelétricas no país à base desse energético, que somam potência instalada de 12,9 gigawatts (GW) – 7,6% da oferta total de capacidade de geração elétrica.
“No curto prazo existe uma evolução com aumento das renováveis na matriz e com o gás natural tendo papel fundamental na geração de energia. O gás pode atender à flexibilidade, mas também, no caso do gás associado, talvez possa haver uma necessidade de atender uma demanda na base, com geração contínua utilizando gás natural”, observa o vice-presidente da Shell Energy do Brasil, Guilherme Perdigão.
O gás é uma das fontes de energia limpa
Para Marcelo Lopes, gerente executivo de Gás Natural da Petrobras, o crescimento das renováveis e das termelétricas a gás está diretamente relacionado com a queda da geração hídrica. Ele explica que a redução nos armazenamentos, que acontece muito em virtude de uma mudança do perfil hidrológico no país, acaba afetando o consumidor final, com preços mais altos. “Isso mostra a importância da complementaridade das termelétricas a gás natural”, pontua.
Para reduzir o custo gerado com o acionamento de termelétricas mais caras, o governo considera a hipótese de realizar leilões regionais para contratar térmicas a gás natural para gerar energia na base. Isso deverá reduzir o preço da energia para o consumidor. O primeiro leilão ocorreria no Nordeste, com o objetivo de substituir termelétricas no Brasil a óleo combustível e a diesel. Além de custos menores, a substituição também vai diminuir as emissões atmosféricas.
Um dos principais desafios é aprimorar a integração e a harmonização entre os segmentos de gás e de energia elétrica para a abertura de novas oportunidades para o combustível. “Os dois setores precisam se adaptar, tanto o de gás como o de energia elétrica, caminhar passo a passo rumo a uma maior integração. Os setores precisam se conhecer mais”, reforça Lopes.
* Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018