Após três anos difíceis, o mercado de biocombustíveis registrou uma ligeira recuperação em 2017. De acordo com o Statistical Review of World Energy, da petroleira britânica BP, a produção de combustíveis renováveis cresceu 3,2% no último ano, superando 84,1 milhões de toneladas de óleo equivalente (Mtoe). Foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1990.
As fontes de energia renováveis têm papel fundamental na transição energética mundial para fontes mais limpas. E seu desenvolvimento tem relação direta com o setor de óleo e gás. Se por um lado as petroleiras continuam em busca de novas jazidas para suprir a crescente demanda por hidrocarbonetos, por outro sabem da importância de liderar a pesquisa e o desenvolvimento de produtos com baixo ou nenhum impacto ambiental.
Em parceria com universidades, institutos de pesquisa e órgãos reguladores, as companhias de óleo e gás buscam otimizar a produção dessas fontes de energia, barateando seu custo e ganhando escala de mercado. Afinal, os biocombustíveis não são uma ameaça ao petróleo e seus derivados . Aqui, complementaridade é a tônica do bom negócio.
Etanol, biodiesel e biolubrificantes
E o Brasil está muito bem posicionado nesse desenvolvimento. A crise do petróleo na década de 1970 que assolou o mundo, levou o país a desenvolver o Proálcool, programa governamental que estimulou a produção de etanol e a fabricação de carros movidos a esse combustível, de forma a substituir a gasolina e reduzir a dependência da importação de óleo cru. Desde então, o etanol é uma realidade no país e ganhou ainda mais espaço com a chegada ao mercado de veículos flex.
Nos anos 2000, foi a vez de o biodiesel no Brasil se tornar realidade. Novamente o governo liderou a expansão do combustível, estabelecendo percentuais de adição do produto no diesel de origem fóssil – atualmente em 10%. Embora a soja seja a principal matéria-prima de produção de biodiesel no país, outras bases vêm ganhando espaço, como os óleos residuais, que responderam por 16% da produção do combustível em 2017, segundo a analista da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Juliana Nascimento Rangel.
Hoje, além do aprimoramento do etanol – como sua produção a partir do bagaço de cana, conhecida como etanol de segunda geração – e do biodiesel, com a pesquisa de novas rotas de produção além do éster, o país busca o desenvolvimento de biolubrificantes. Uma dessas iniciativas está sendo conduzida pelo Instituto Senai de Inovação – Biossintéticos, do Rio de Janeiro.
“Há um enorme espaço para esses produtos. Calcula-se que a demanda mundial de lubrificantes vai atingir 44 milhões de toneladas em 2022, e que a produção de biolubrificantes será de 1 milhão de toneladas no mesmo ano. É preciso que a indústria busque alternativas para baratear esses lubrificantes, tornando-os atraentes para o mercado”, afirma João Bruno Bastos, responsável pela área de engenharia de processos da instituição.
*Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018