CCS, BECCS, CCUS, DACCS: por que essas siglas são chave para a descarbonização

Transição Energética
Publicado em 19 de dezembro de 2025

À medida que o mundo busca cumprir as metas do Acordo de Paris, tecnologias de captura e armazenamento de carbono ganham protagonismo. Elas não substituem a transição para fontes renováveis, mas são vistas como essenciais para descarbonizar os setores hard-to-abate – aqueles onde reduzir emissões é mais difícil, como cimento, aço e refino. 

Segundo o relatório de outubro do Global CCS Institute, em 2025, algumas regiões registraram avanços significativos, enquanto outras enfrentaram novas incertezas. Ainda assim, a tendência geral é evidente: os projetos de CCS estão se expandindo e formando HUBs, impulsionados por políticas pública de incentivo financeiro mais consistentes, maior participação do setor privado e pela ampliação da infraestrutura global. O documento ainda aponta que o Brasil tem promovido incentivos e regulamentações favoráveis no tema.  

A pauta também vem ganhando destaque entre instituições como OGCI (Oil and Gas Climate Initiative) – uma iniciativa liderada por CEOs de algumas das principais empresas do setor de O&G com foco em acelerar ações rumo a um futuro com emissões líquidas zero, em consonância com o Acordo de Paris – e a IOGP (International Association of Oil & Gas Producers) 

Entre as soluções, quatro siglas dominam o debate: CCS, CCUS, BECCS e DACS. Todas têm um objetivo comum: retirar dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera ou reduzir, impedindo que ele chegue lá, mas cada uma segue um caminho. 

Além da Superfície explica, a seguir, cada uma delas: 

  • CCS (Carbon Capture and Storage): uma cadeia de múltiplas tecnologias que capturam CO2 diretamente de processos industriais e o armazenam de forma permanente em reservatórios geológicos, formações salinas ou campos de petróleo esgotados, por exemplo. O processo pode ser dividido em três fases principais: captura, transporte e armazenamento. 
  • CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage): aqui, o processo traz uma nova etapa: a utilização do CO2, que é considerada uma fase alternativa ao armazenamento permanente. Esse CO2 pode ser reaproveitado em diferentes processos industriais, como na fabricação de fertilizantes, na produção de combustíveis sintéticos e na geração de hidrogênio azul. Segundo estimativas recentes, o país apresenta um potencial de captura de aproximadamente 190 milhões de toneladas de CO2 por ano (MtCO2/ano).  
  • BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage): processo que captura e armazena permanentemente o CO₂ gerado quando a biomassa é convertida em combustíveis ou queimada para produzir energia. Como as plantas absorvem CO2 durante o crescimento, essa é uma forma de remover CO2 da atmosfera. O BECCS representa o segundo maior potencial de captura depois do CCUS, respondendo por cerca de 20% do total, impulsionado pela longa trajetória do mercado de etanol no país e pelo potencial crescente — ainda subexplorado — de produção de biogás. 
  • Direct Air Carbon Capture and Storage (DACCS): ambicioso, o processo consiste na captura de carbono direto do ar e no seu armazenamento geológico ou utilização. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), até agora foram comissionadas 27 usinas de captura direta de ar (DAC) no mundo. Há planos para pelo menos 130 instalações de grande porte, atualmente em diferentes fases de desenvolvimento. Caso todas avancem — inclusive as que estão apenas na etapa conceitual —, a capacidade instalada ficará próxima do necessário para 2030 no cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050 (NZE), alcançando cerca de 65 milhões de toneladas de CO₂ por ano.