Transição energética: o papel do Brasil na corrida global por baixo carbono

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Publicado em 26 de dezembro de 2025 | Atualizado em 22 de dezembro de 2025

A transição energética deixou de ser uma tendência para se tornar uma exigência global. No Brasil, esse movimento ganha contornos próprios: uma matriz já majoritariamente renovável, um perfil diferenciado de emissões e alto investimento em tecnologia. O Outlook IBP 2025-2029, documento inédito lançado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), projeta como o setor de óleo e gás pode contribuir para uma economia de baixo carbono sem comprometer a segurança de abastecimento. 

Tecnologias de baixo carbono 

Embora não seja o principal emissor, o setor de energia brasileiro — e, em especial, a indústria de óleo e gás — tem papel decisivo na construção de soluções para os desafios climáticos. Uma delas é a Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS), em que o Brasil tem grande potencial para avançar devido à sua capacidade geológica de armazenamento, à expertise tecnológica das operadoras de petróleo e às oportunidades de uso do CO₂ em sistemas de geração de bioenergia. Segundo estimativas recentes, o país apresenta um potencial de captura de aproximadamente 190 milhões de toneladas de CO₂ por ano.  

Além de contribuir para reduzir as emissões do setor energético, o CCUS também pode atuar na remoção de CO₂ quando combinada ao uso de biomassa renovável, no modelo conhecido como BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage). Essa rota representa hoje o segundo maior potencial de captura no país, respondendo por cerca de 20% do total estimado, impulsionada pela sólida experiência brasileira na produção de etanol e pelo crescimento — ainda pouco explorado — da geração de biogás. 

Outro vetor estratégico é a energia eólica offshore, cujo potencial técnico supera 1.200 GW, segundo o estudo Scenarios for Offshore Wind Development in Brazil, do Banco Mundial. A nova lei sancionada em 2025 cria um marco regulatório para parques em alto-mar, abrindo espaço para sinergias com a indústria de óleo e gás, que domina operações marítimas e pode acelerar a implantação dessas estruturas. 

Biocombustíveis 

O Brasil se firmou como um dos líderes globais na produção de biocombustíveis, ocupando a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo o Balanço Energético Nacional 2024, elaborado pela EPE, cerca de 22,5% da energia consumida pelo setor de transportes no país já é suprida por biocombustíveis, que podem emitir até 80% menos gases de efeito estufa (GEE) ao longo de seu ciclo de vida, em comparação aos combustíveis fósseis.  

O segmento – que deve ampliar sua produção em cerca de 7% no período de 2025 a 2029 – ainda conta com o respaldo de dispositivos legais. Sancionada em 2024, a Lei do Combustível do Futuro é uma iniciativa legislativa voltada a ampliar a participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira, com foco na descarbonização da mobilidade no país. A legislação integra políticas públicas já existentes – como o RenovaBio, o Programa de Mobilidade Verde (MOVER) e o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE Veicular) – ao mesmo tempo em que atualiza os mandatos de uso de biocombustíveis e introduz novos combustíveis renováveis, como o SAF e o diesel verde (HVO – Hydrotreated Vegetable Oil). 

Clique aqui e confira o Outlook IBP 2025-2029 na íntegra.   

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