O que a Rio OIl & Gas discutiu sobre E&P

IBP
ATUALIZADO EM dezembro 2020

Resiliência operacional, disciplina financeira, segurança jurídica e regulação mais fluida. Estes foram alguns dos pontos abordados nos painéis da Rio Oil & Gas 2020 que trataram sobre Exploração & Produção (E&P). Para especialistas e executivos de empresas, o Brasil tem uma boa oferta de ativos que, para serem mais atrativos, precisam de ótimas condições regulatórias.

O que a Rio OIl & Gas discutiu sobre E&P
Na visão de Artur Nunes da Silva, VP de E&P Deepwater da Total, as reservas do Brasil chamam atenção, mas podem ser ainda mais atraentes. “O pré-sal já tem poços espetaculares. Se a regulação local for mais fluida, atraindo mais investimentos, somando-se às ótimas condições geológicas, temos o cenário ideal”, disse o executivo.

Na avaliação de Soichi Ide, Chief Digital Officer e Vice Presidente de Operações da Modec, o cenário no Brasil, mesmo diante da retração de investimentos no mundo provocada pela Covid-19, não é tão alarmante. “Estamos vendo que ativos de águas ultraprofundas na América Latina estão sendo mais resilientes”, disse Ide. Esta também foi a avaliação de Adyr Tourinho, VP & Oilfield Equipment Latam da Abespetro. “O país se mostrou resiliente. O impacto está sendo menor do que em outros países. Os projetos aqui continuam na lista de prioridades”, afirmou.

A presidente da ExxonMobil Brasil, Carla Lacerda, defendeu que o país precisa priorizar seu capital intelectual, sua robusta cadeia de bens e serviços (especialmente a subsea) e valorizar seus recursos do pré-sal para seguir na trilha do desenvolvimento em E&P.

A executiva considera que a retomada dos leilões é parte essencial desta conjuntura. “Temos como desafios implementar um programa exploratório, manter a resiliência do portfólio e fortalecer o nível de atividade para um regime econômico em crescimento”, analisou.

Jayme Meier, Vice-Presidente Projeto de Águas Profundas da ExxonMobil, destacou o Brasil como região-chave na estratégia da empresa e mostrou, também, o trabalho em andamento na Guiana como case de gerenciamento de grandes projetos. “Um dos principais elementos para nosso trabalho na região é a colaboração local, por meio de regras fluidas que nos permitam mais liberdade na formação de parcerias e em nossas estratégias com fornecedores”, disse.

Eficiência operacional

A Total mostrou ainda que, para ganhar eficiência, tem usado mais tecnologia, suporte digital, inteligência artificial e simplificação de engenharia subsea. O ponto foi corroborado por Maiza Pimenta Goulart, Gerente Executiva de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobras. “Estamos mais eficientes na produção do pré-sal e aptos a resolver problemas que eram mais complexos anos atrás”, disse.

A relação com fornecedores para redução de custos e resiliência foi defendida por Lorena Dominguez Espido, COO da Repsol Sinopec, levantando a questão: como reduzir custo e aumentar produção? “Precisamos ser mais flexíveis. Precisamos nos perguntar se precisamos de uma Ferrari ou de um utilitário”, explicou a executiva.

Transição energética: janela de oportunidade única para o Brasil

Na avaliação de Miguel Pereira, CEO da Petrogal, a “palavra essencial” é transição energética. É o que deve definir a diversificação do portfólio das companhias, alinhada com o Acordo de Paris. Para Pereira, o petróleo ainda é necessário para suprir uma economia mundial com perspectiva de crescimento. E, neste contexto, o Brasil tem uma “janela de oportunidades única”. “O país pode ser uma potência em transição energética. Inclusive, podemos projetá-lo como um polo exportador de hidrogênio”.

Já André Araújo, CEO da Shell Brasil, enxerga que a pandemia e a crise trouxeram novos temas para o setor de óleo e gás, que estão integrados à demanda da sociedade global. A Shell tem procurado um equilíbrio entre a aplicação de insumos fósseis e matriz renovável. “No 3º trimestre de 2020, a companhia aumentou o orçamento para novas energias. Mas temos 35% dos investimentos em águas profundas porque acreditamos no potencial do offshore brasileiro.”

Sobre o tema, Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, disse que o novo plano estratégico da empresa prevê acelerar a transição energética. “Estamos avançando nessa corrida, colocando os temas da agenda ESG com maior prioridade e reafirmando o nosso foco em maximização sobre o retorno do capital investido, disciplina para alocação de capital, meritocracia, além de segurança e meio ambiente.”  Sobre a pandemia, Castello Branco ressaltou a atuação rápida da empresa, que segue como a companhia com maior volume de caixa livre e manteve o crescimento da produção.

Segundo o executivo, o foco na logística e comercialização foi fundamental para aumentar a produção por meio de exportações. “O mercado tem de ser global, e não local. Vendemos óleo e derivados para 18 países”, afirmou.

Avanço regulatório será fundamental para atrair novos atores para o onshore

Segurança jurídica e avanços regulatórios, como regras bem definidas para o licenciamento ambiental aos novos operadores, também foram os itens listados como necessários para o desenvolvimento dos campos onshore. Carlos Agenor, diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, afirmou que o momento atual é singular. “Existe um programa de desinvestimentos da Petrobras em andamento e estamos vivenciando a passagem dos campos para produtores independentes. Temos metas ambiciosas: aumentar o fator de recuperação dos campos, avançar em novas fronteiras e ampliar a declaração de comercialidade”, ressaltou. Miguel Nuñez Sanchez, Diretor Técnico da Imetame Energia, defendeu a simplificação do licenciamento ambiental, por meio de autodeclaração e compartilhamento de instalações.

Descomissionamento: US$ 5 bi nos próximos quatro anos

A atividade de descomissionamento de ativos de E&P deve movimentar US$ 85 bilhões nos próximos dez anos, globalmente. E no Brasil, onde é mais recente, espera-se cerca de US$ 5 bi em quatro anos, considerando plataformas, poços e equipamentos subaquáticos.

Todo o conteúdo da programação da Rio Oil & Gas 2020 estará disponível integralmente para os participantes no canal On Demand da plataforma.