A transição para uma matriz energética de baixo carbono tem nos biocombustíveis uma de suas principais apostas. Essa forma de energia reduz em até 80% as emissões de gases de efeito estufa em comparação às fontes fósseis. No Brasil, país com tradição na produção de etanol e biodiesel, a busca por soluções sustentáveis para o setor de transporte se intensifica, e o setor aéreo não fica de fora. O Combustível Sustentável de Aviação (SAF) é a aposta.
O SAF é produzido a partir de materiais de origem renovável como óleos e gorduras animais e vegetais, resíduos agrícolas e urbanos, além de se destacar por ser um combustível quimicamente similar ao jet fóssil e “drop-in”, ou seja, sem necessidade de adaptação da infraestrutura logística e equipamentos aéreos. Apesar de ainda representar apenas 0,53% da demanda do setor, o potencial de crescimento é enorme. O Brasil tem capacidade para produzir 9 bilhões de litros de SAF anualmente, um volume superior ao consumo de querosene de aviação registrado em 2023, segundo especialistas do setor, o que pode representar uma oportunidade econômica ao posicionar o país como um líder global no fornecimento desse combustível.
A Lei 14.993/2024 “Combustível do Futuro”, sancionada em outubro, prevê metas ambiciosas para o uso de SAF, com uma redução gradual de emissões de carbono a partir de 2027. A legislação diz que os operadores aéreos devem reduzir em 1% os gases de efeito estufa em voos domésticos por meio do uso do SAF a partir do referido ano, até que atinja 10% em 2037. Para que esse potencial se torne realidade, o setor aéreo e o Estado precisam construir um arcabouço regulatório sólido que incentive a produção e proporcione segurança jurídica.
Iniciativas como a Conexão SAF atuam nesse sentido, ao prometer uma troca de conhecimento e experiências, visando o desenvolvimento do mercado de SAF no Brasil. O fórum é um espaço de discussões, sem caráter diretivo, que reúne representantes dos setores público e privado que objetivam desenvolver soluções para diminuir a emissão de GEE no segmento de aviação no Brasil por meio do uso do SAF e alternativas de baixo carbono. Dentre os temas objeto de debates no âmbito da Conexão SAF destacam-se aspectos técnicos, regulatórios, tributários, produtivos e logísticos que impactam esse mercado.