Rio Pipeline: infraestrutura é diferencial competitivo para setor de óleo e gás

Setor

As oportunidades e os desafios no uso de modais de grande volume para transporte de combustíveis no Brasil estiveram entre os destaques da 13ª edição da Rio Pipeline, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), entre 8 e 10 de agosto, no Rio de Janeiro. O evento reuniu 8.200 pessoas representando 29 países e teve número de expositores 40% maior em relação a 2019.

“Os investimentos em infraestrutura, de forma geral, caíram 20% entre 2013 a 2022 no Brasil. Vamos precisar dobrar o nível de investimentos para atender o crescimento da demanda da economia brasileira, manter a eficiência do setor na distribuição de derivados de petróleo e gás e assim garantir o abastecimento nacional”, destacou Valéria Lima, diretora-executiva de Downstream do IBP.

O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, concordou com Valéria e reconheceu que o país ainda possui inúmeros desafios de infraestrutura, especialmente por conta dessa redução dos investimentos dos últimos anos. Precisamos investir 4% do PIB em infraestrutura. Temos a meta de ampliar para 40% a matriz ferroviária, por exemplo”.

Durante o evento, foi apresentado um estudo encomendado pelo IBP sobre investimentos em infraestrutura logística de Downstream, que apontou a necessidade de aportes de  R$ 118,5 bilhões até 2035 para atender o crescimento da demanda de derivados. Desse total, R$ 9,47 bilhões serão destinados à movimentação de líquidos no país. Quando olhamos para 2035, com os aportes previstos no estudo, as cadeias logísticas crescem pela existência de modais de alto volume. Esse cenário contribui para a queda de 41% para 23% do uso do setor rodoviário e para a redução de custos e emissões”, ressaltou Marcus DElia, sócio da consultoria Leggio, que realizou o estudo.

A importância da agenda regulatória

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, também falou sobre os desafios que se apresentam para o setor. Precisamos amadurecer o mercado, desconcentrar ainda mais e isso passa pela agenda regulatória da ANP. Temos também que harmonizar a regulação federal com as regulações estaduais e aprimorar as regras para a locação da capacidade de transporte em gasodutos”, identificou.

Executivos da indústria presentes ao evento concordaram com a questão. Para Marcelo Bragança, vice-presidente de operações da Vibra Energia, “há uma série de oportunidades, mas é preciso garantir a segurança regulatória para os investimentos”. Sebastião Furquim, vice-presidente de Operações e Logística da Ipiranga, enfatizou a necessidade do investimento em terminais de larga escala. “É importante ter regras claras para a regulação desses ativos.”

Erik Breyer, CEO da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A (TBG), frisou que as regulações do transporte público, rodoviário e do setor elétrico podem ser diferenciais para o mercado de gás. As realizações do setor de óleo e gás do Brasil são impressionantes. Mas, na parte de regulação, vejo que temos espaço para entender como utilizar as redes como ativos em benefício do público”, explicou.

Os desafios da transição energértica

Para Idarilho Nascimento, Chair da Rio Pipeline, a troca de conhecimento técnico ajuda a explorar o potencial do Brasil para uma operação com energia mais limpa. “Considerando nossa dimensão continental, a necessidade de interiorização do gás natural e a possibilidade de desenvolver outros setores industriais, é nossa missão promover a descarbonização ainda maior na nossa matriz energética. Nossos dutos é que vão permitir esses avanços”, considerou.

Nesse contexto de mudança de fontes de suprimento, a diretora-executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D´Apote, comentou que os gasodutos são um seguro para todo o sistema de gás, com vários agentes querendo usar o sistema de transporte. Ela citou a expansão das redes da TBG e o crescimento do setor como um todo.

Juliano Tamaso, Vice-presidente de Supply Chain do Grupo Cosan, destacou a importância da redução de emissões nos novos projetos do setor. “A maior obra de duto recente foi da Logum que reduziu o tráfego de caminhões e emissões em São Paulo. Temos investido também em vagões, buscando usar modais mais eficientes. Estamos cuidando do meio ambiente, diminuindo o custo Brasil.”

A força do setor

O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, salientou a Rio Pipeline como uma jornada de conhecimento rumo ao futuro e lembrou que o número de congressistas inscritos superou os da mesma conferência em Calgary, no Canadá, em junho do ano passado. Nesses três dias, nossa caminhada foi em direção à tecnologia, integridade, descarbonização e sustentabilidade”.

Sylvie DApote afirmou que esta edição foi considerada a maior da história da Rio Pipeline. O interesse observado agora na indústria é reflexo dos primeiros passos que culminaram na nova lei do gás e que enalteceram e incrementaram as perspectivas na indústria de dutos”, ressaltou.

Para Valéria Lima, foi possível debater o papel da logística no desenvolvimento dos negócios e sua integração com o processo de transição energética. “Mostramos mais uma vez a força do setor e a importância de termos múltiplos agentes”.

Premiação

O Calgary Award, principal premiação da Rio Pipeline, recebeu a inscrição de 212 papers. Os representantes da NTS e da IEC foram os vencedores com o trabalho “Inspeção combinada CIPS-DCVG sujeita a interferência eletromagnética”, dos autores Anderson Kreischer (NTS) e Antonio Carlos Pires Caetano (IEC). Também foram distribuídas menções honrosas aos melhores trabalhos técnicos apresentados em cada categoria da programação.

Conheça os trabalhos apresentados na Rio Pipeline na Biblioteca do IBP.