* Por Caio Mello, do Canal Meio
A energia eólica offshore, aquela que utiliza a força dos ventos no mar para gerar eletricidade, vem se consolidando como uma alternativa na evolução energética global e uma das principais atividades de descarbonização da economia. Os aerogeradores instalados no oceano são beneficiados de ventos mais intensos e constantes devido à ausência de obstáculos como montanhas ou construções. A eletricidade gerada é transmitida por cabos submarinos até subestações em terra, onde é integrada às redes de distribuição de energia elétrica ou utilizada na produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono.
É por esse motivo que as empresas de energia aguardam, ainda este ano, a aprovação do Projeto de Lei 576/2021 no Senado Federal e, com isso, o anúncio do primeiro leilão de área de eólicas offshore no Brasil em 2025, o que tem o potencial de gerar R$ 25 bilhões de investimentos nos próximos quatro anos e a geração de novos empregos na chamada “economia de baixo carbono”.
A energia eólica offshore tem desempenhado um papel cada vez mais relevante no cenário global. Em 2021, foram adicionados 8,8 gigawatts (GW) à capacidade instalada, elevando o total global para 64,3 GW, com destaques para a China como principal impulsionadora desse crescimento. Na Europa, os compromissos com metas de sustentabilidade, aliados aos elevados custos energéticos intensificados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, têm acelerado os investimentos nessa fonte de energia como uma alternativa estratégica. Projeções apontam que, até 2050, a energia eólica poderá responder por mais de 50% da matriz elétrica europeia.
Nesse sentido, o Brasil possui condições ideais para explorar ainda mais esse potencial, com uma extensa costa de 7.491 km e 3,6 milhões de km² de espaço marítimo. Atualmente, a energia eólica terrestre representa 13% da matriz elétrica brasileira, mas o potencial offshore pode ser ainda maior. Dados do IBAMA indicam 243 GW em projetos com licenciamento ambiental em andamento. Além disso, a posição estratégica dos portos brasileiros favorece a exportação. Entretanto, o desenvolvimento dessa fonte no Brasil ainda enfrenta desafios, como a falta de um marco legal e regulatório consolidado. Apesar dos avanços, como as diretrizes emitidas pelo governo federal, ainda não está claro como se darão os leilões de áreas marítimas. Outros tópicos de atenção são a infraestrutura portuária e de transmissão, nem sempre de boa qualidade, além da necessidade de fomentar uma cadeia de suprimentos nacional capaz de atender à demanda desse setor.
Uma vantagem estratégica para o Brasil é o apoio do setor de petróleo e gás com a indústria eólica offshore. A experiência das petrolíferas em operações marítimas e logística pode ser aproveitada para reduzir custos e acelerar o desenvolvimento das eólicas no mar. Esse alinhamento já é realidade, conforme demonstrado pela governança do tema no IBP, com a participação das empresas Equinor, TotalEnergies, Neoenergia, Shell, Petrobras, Corio e Prumo Logística, que coordenam os subgrupos de regulação, financiamento e inovação tecnológica do Instituto.