Nesta segunda-feira, dia 10, tem início a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Belém, no Pará. O encontro reúne líderes globais, especialistas e representantes da sociedade civil para discutir caminhos concretos rumo à descarbonização da economia.
O Brasil chega à conferência de forma diferenciada: as renováveis estão presentes em 50% de sua matriz energética e em 86,1% da sua matriz elétrica. Quando comparado ao restante do mundo, especialmente com Estados Unidos e União Europeia, ainda tem um perfil diferenciado de emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com dados do SEEG (2025), do total em 2024, as atividades do setor de Mudanças no Uso da Terra e Florestas foram responsáveis por 42,2% das emissões totais, seguida pela Agropecuária, com 29,2%. O setor de energia, que engloba a indústria de O&G, ocupou o 3º lugar, com 19,7% do total.
Por isso, o Além da Superfície traz, em uma série de vídeos, uma reflexão sobre o papel estratégico do setor de óleo, gás e biocombustíveis na agenda de transição energética, da descarbonização aos impactos econômicos.
A produção de petróleo no Brasil tem uma intensidade média de emissão de cerca de 17 kg de CO2 por barril de petróleo equivalente. Isso é inferior à média mundial, estimada em 20kgCO2/boe. Os campos de Tupi e Búzios – no polígono do pré-sal -, que respondem por mais de 40% da produção nacional, têm intensidade média de 10kgCO2/boe, o que os coloca entre os campos com menos intensidade de emissão de carbono no mundo.
“A cadeia de óleo e gás é complexa, e cada país tem um jeito ou maneira de produzir petróleo. O Brasil, há muitos anos, começou um trabalho muito forte e muito focado em reduzir as emissões de gás de efeito estufa por barril produtivo. Isso foi tecnologia desenvolvida no Brasil, um compromisso da indústria”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Roberto Ardenghy.
E, para fazer isso, o setor tem como aliada a Cláusula de PD&I. Estabelecida nos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural, ela determina que as empresas petrolíferas devem realizar investimentos equivalentes a 1% da receita bruta em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). De 1998 a 2024, já foram investidos mais de R$ 34 bilhões.
À medida que as empresas do setor assumem compromissos mais ambiciosos com a redução dos impactos ambientais de suas operações, os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) têm se voltado, cada vez mais, para iniciativas alinhadas aos objetivos da transição energética.
Segundo a ANP, em 2020, foram realizados 15 projetos relacionados à eficiência energética e à transição energética. Já em 2024, esse número chegou a 97.
Uma análise do IBP aponta que a indústria é responsável por uma arrecadação anual superior a R$ 325 bilhões para os cofres da União, estados e municípios, considerando os dados de 2023.
Segundo o levantamento, somente naquele ano, a arrecadação federal atribuída ao setor ultrapassou R$ 155,8 bilhões. Para dimensionar o impacto, o montante seria suficiente para financiar, alternativamente, 102% de todo o orçamento do Ministério da Educação, 84% dos recursos destinados à Saúde e 58% do orçamento da Assistência Social.
“De cada três barris de petróleo que eu produzo no Brasil, dois barris são dirigidos a impostos, taxas, contribuições e outras onerosidades tributárias. Isso faz com que a indústria contribua muito para os orçamentos da União e, portanto, dos estados e dos municípios”, defende Ardenghy.