Rotina do embarcado: “Na plataforma, cada um depende do outro”

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ATUALIZADO EM outubro 2021

Para uma plataforma de petróleo em alto-mar funcionar pelo menos três equipes distintas atuam, de forma conjunta e interligada. A primeira é o time de reservatório, que cuida da operação entre o subsolo submarino, onde está a árvore de natal molhada, e o poço. Como explicamos aqui, a árvore de natal molhada é um dos equipamento-chave na produção de petróleo, faz a ligação entre o sistema submarino de produção e o poço de petróleo. 

A segunda equipe cuida dos sistemas submarinos e atua para garantir o bom funcionamento das estruturas e equipamentos que fazem a ligação entre a árvore de natal molhada e a plataforma. Objetivo desse grupo é garantir que o óleo chegue na plataforma dentro das especificações. E a terceira é a equipe que opera a planta de produção, recebe e armazena o óleo e realiza os procedimentos para garantir o escoamento do produto até a costa. 

Quem nos conta todos esses detalhes e muito mais é Carolina Monnerat, engenharia de sistemas submarinos na plataforma (tipo FPSO) dos campos de Bijupirá & Salema, operado pela Shell, na Bacia de Campos. Bijupirá & Salema estão localizados no litoral Norte Fluminense, a aproximadamente 295 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. A produção, iniciada em 2003, ocorre em um lâmina d’agua entre 400 e 870 metros. 

Carolina é a nossa personagem de mais um capítulo da série “Rotina de embarcado”. Com 27 anos e formada em Engenharia Química pela UFF (Universidade Federal Fluminense – RJ), ela atua em embarcações desde 2018, quando integrava a equipe responsável por intervenções submarinas em ativos operados pela companhia. Esse grupo realiza, entre outras atividades, a manutenção e instalação de equipamentos submarinos necessários para a produção de petróleo. Hoje, em Bijupirá & Salema, Carolina é uma das profissionais responsáveis por garantir que o óleo saia do poço e chegue até à plataforma de forma segura e seguindo todos os parâmetros. Confira mais sobre o dia a dia de Carolina nesta entrevista e neste vídeo. 

Trajetória na indústria de óleo e gás

Sempre quis trabalhar com óleo e gás. Quando eu aprendi Química, na 7o série, eu já descobri o mundo do petróleo e, desde então, queria isso para minha vida. Este é um mundo gigantesco e ainda temos muito para explorar. Esse interesse pela área eu também agradeço aos meus professores Alexandre e Luciana, que foram muito importantes para mim. Grudava nele para aprender mais. 

A Shell foi meu primeiro emprego. Entrei na companhia como estagiária na área de petrofísica. Em 2018, fui contratada para atuar na engenharia de intervenções submarinas. Nesta época, trabalhava em terra e quando tinha intervenção, eu embarcava. No mar, fazia parte da equipe que realiza operações submarinas por meio do ROV (veículo submarino operado remotamente). Desde outubro de 2020, trabalho em um FPSO (link para matérias sobre tipos de plataformas). Estar na Shell hoje só me faz olhar pra trás e pensar: “Estava no caminho certo, era mesmo o que eu queria”. 

Diferenças entre o trabalho onshore e offshore

Trabalhar embarcado tem alguns desafios. Certas coisas você não tem controle e, estando embarcado, precisa deixar de lado para não influenciar seu trabalho. Se levar a bordo, pode te atrapalhar e isso é um risco para você e para quem está lá. A preparação psicológica é muito importante. Entendo que o trabalho que realizo hoje é muito bom para o meu crescimento. Toda vez que embarco cresço anos da minha vida, e não só profissionalmente.

Experiência para toda a vida: “cada barco é uma família”

Da minha experiência embarcada, levo muitas histórias, memórias importantes para o meu aprendizado e evolução pessoal. Cada barco é uma família e trago um pouquinho de cada embarcação comigo. Quando estamos embarcados, a gente só tem aquelas pessoas: 100, 50, 30 em cada barco. Elas são sua família e a gente troca muito conhecimento ali dentro, se aproxima. Temos essa troca em terra, mas embarcado você só tem aquelas pessoas para trocar. E você precisa aprender a conviver com elas. Aprendi muito a respeitar diferentes culturas e pontos de vista. Pensar diferente é bom, amplia seu conhecimento de vida, do mundo. Tá tudo bem pensar diferente. Nas embarcações, tem pessoas de outros países. Ali, cada um depende do outro, todos estão interligados. A troca que mantemos é importante para mim e para eles.

Importância da indústria para o país

Somos responsáveis por gerar energia. Essa energia que estamos usando aqui, nesse computador, a maior parte vem do petróleo. E a costa brasileira ainda tem muito petróleo a ser explorado.