A descarbonização da economia brasileira até 2050 exige a adoção de soluções tecnológicas robustas e complementares. Entre elas, as tecnologias de Captura, Uso e Armazenamento de Carbono (CCUS) despontam como uma ferramenta essencial para mitigar emissões em setores chamados hard to abate – de difícil descarbonização.
No terceiro vídeo voltado para a COP30, o Além da Superfície explora como a captura de carbono pode ser um divisor de águas na trajetória brasileira rumo à neutralidade climática.
As tecnologias de Captura, Uso e Armazenamento de Carbono (CCUS na sigla em inglês) – que podem capturar até 90% do CO2 emitido de distintas fontes – são consideradas essenciais entre as soluções tecnológicas disponíveis para atingir as metas de redução de emissões até 2050. Elas desempenham um papel estratégico tanto na mitigação de gases de efeito estufa (GEE) em setores hard to abate quanto na remoção do CO2 que já presente na atmosfera.
A implantação de sistemas de CCUS representa uma oportunidade para a indústria brasileira de O&G, que possui ampla experiência nas atividades de separação, transporte e reinjeção de CO2 – utilizado em larga escala nos reservatórios do pré-sal para a recuperação avançada de óleo –, além do conhecimento da geologia do país.
Aproveitar essas vantagens pode permitir que as empresas do setor reduzam suas próprias emissões de GEE, posicionando-se como potenciais usuárias em larga escala da tecnologia. Também há a possibilidade de utilizar a infraestrutura de gasodutos existentes das instalações de superfície e submarinas e dos reservatórios depletados, o que pode contribuir para a redução de custos e consequente viabilização da indústria de CCUS no Brasil.
A Petrobras possui o maior programa de captura, uso e armazenamento geológico de CO2 em operação no mundo e o primeiro a ser implementado em águas ultra profundas. Localizados nos campos do pré-sal, os sistemas têm capacidade processar 7 Mt CO2/ano (9,3% da capacidade mundial total em 2022).
“Apesar de que nós já termos no Brasil uma indústria de energia que tem um pequeníssimo percentual de emissões quando comparado com outros países, ainda assim, nunca é suficiente. Reduzir emissões sempre é um objetivo da nossa indústria”, explicou Claudio Nunes, diretor executivo corporativo do IBP.
A produção de petróleo no Brasil tem uma intensidade média de emissão de cerca de 17 kg de CO2 por barril de petróleo equivalente, o que é menos que a média mundial, estimada em 20kgCO2/boe.
Os campos de Tupi e Búzios – no polígono do pré-sal -, que respondem por mais de 40% da produção nacional, têm intensidade média de 10kgCO2/boe, o que os coloca entre os campos com menor intensidade de emissão de carbono no mundo.
“É algo que a gente deve se orgulhar muito. A nossa prática de exploração e produção no pré-sal tem uma emissão bem menor do que em outros campos de petróleo no mundo. Modéstia à parte, a gente sabe produzir, reinjetando esse CO2 que vem à superfície com o petróleo”, defendeu Claudio Nunes.