Ações em Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) promovidas pelas petroleiras vêm ganhando cada vez mais importância no setor de óleo e gás natural no Brasil. Mais que uma obrigação, a gestão do SMS é estratégica. Num ciclo virtuoso, os investimentos em pessoas e na preservação ambiental retornam para as próprias companhias: treinando e cuidando de seus funcionários, evita-se acidentes; isso se traduz em maiores índices de produtividade e, por consequência, em melhores resultados financeiros.
A experiência da Petrobras, cujo programa de treinamento de segurança já alcançou 185 mil trabalhadores, ilustra bem o retorno proporcionado pelos investimentos em SMS. Tomando por base a Taxa de Acidentados Registráveis (TAR) – uma TAR significa um acidentado por milhão de horas trabalhadas –, é possível medir a queda na ocorrência de acidentes.
No quarto trimestre de 2015, a TAR da Petrobras era de 2,2. Em 2016, caiu para 1,6 e, em 2017, para 1,1. A meta estabelecida pela companhia para a TAR de 2018 é de 1. E este objetivo deve ser alcançado, pois no segundo trimestre deste ano, a taxa estava em 1,06.
Toda ação de SMS implica uma forte mudança de cultura em uma companhia, para que seus trabalhadores adotem procedimentos seguros. É uma tarefa complexa, mas factível.
João Ricardo Barusso Lafraia, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras na Bacia de Santos (UO-BS), compara o que haveria em comum entre trabalhar em uma plataforma de petróleo, em um avião, em uma usina nuclear e em um centro cirúrgico. “Em todos estes lugares, todos devem fazer tudo certo, o tempo todo”, afirma ele, referindo-se ao risco implícito em cada um destes ambientes.
As ações de SMS são executadas em muitas frentes e abrangem segurança operacional, saúde das pessoas e preservação e restauração do meio ambiente. Mas um dos maiores pesadelos dos gestores é um sabotador sutil e invisível: o hábito.
Portanto, não basta ler manuais sobre procedimentos de segurança corretos. É preciso incorporar esses procedimentos ao dia a dia mudando antigos hábitos.
Lafraia lembra que muitas leis e regras regem tanto as atividades produtivas quanto o cotidiano das pessoas. Mas nem todas são cumpridas – um exemplo disso é o elevado índice de mortes em acidentes de trânsito no Brasil. É preciso, portanto, criar uma cultura, por meio do hábito, para que leis e normas sejam seguidas.
“Medidas de segurança são contra a natureza humana. Afinal, ninguém nasce de capacete”, brinca o gerente. “Por isso, precisamos criar hábitos, pois hábitos são mais seguros que regras. Os hábitos ajudam a desenvolver a cultura de segurança e de compromisso com a vida”, defende o executivo.
* Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018