São muitas as projeções sobre o futuro preço do barril de petróleo, mas é senso comum que o sobe e desce das cotações é algo que sempre fez parte da indústria petrolífera e baliza seus investimentos do começo ao fim da exploração e produção de uma reserva. Para entender um pouco o preço do barril de petróleo hoje e porque os preços sobem e descem, é preciso se ater à geopolítica internacional que leva em consideração diversos fatores.
Excesso de oferta e restrição na demanda podem existir em consequência de necessidades econômicas de países produtores, de fatores climáticos mais ou menos rigorosos em países que produzem muito petróleo e países consumidores, de guerras ou outros eventos políticos como mudanças radicais de governos, entre outros aspectos. No presente, um novo fator se impõe trazendo incertezas ao futuro da commodity: a popularização das fontes de energias renováveis.
A gestão da oferta é um dos fatores dominantes no controle de preços do barril de petróleo em um patamar mais elevado. Mesmo respondendo por apenas ⅓ da produção mundial de petróleo, a política de cortes promovido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), aliada a países não-membros da instituição, como a Rússia, vem conseguindo êxitos desde o início de 2017.
Após recuar a US$ 30 no início de 2016 – um patamar quatro vezes inferior aos US$ 120 alcançados em 2014 –, o mercado petrolífero mundial entrou em colapso, até ser alvo da iniciativa da OPEP. O corte na produção de petróleo foi de 1,7 milhão de barris por dia, o maior já realizado pela organização, e gradativamente os preços voltaram a subir, superando os US$ 80 em setembro de 2018.
A norueguesa Toril Bosoni, analista sênior da Agência Internacional de Energia (AIE), mostra-se impressionada com a amplitude das ações em torno do corte da produção, que envolveu 24 países, dentre membros e não-membros da OPEP. A medida foi fundamental para a subida de preços, mas outros aspectos também contribuíram, como a crise política e econômica da Venezuela. De 3 milhões de barris diários no início dos anos 2000, a produção venezuelana de petróleo despencou para 2,4 milhões de barris por dia em 2016 e 1,3 milhão de barris diários em 2018.
Houve ainda redução na produção de óleo em outras partes do mundo, como Nigéria, Líbia e México. No caso do Irã, alvo de sanções econômicas dos EUA, as exportações de petróleo caíram de 2,4 milhões para 1,9 milhão de barris diários, afetando as remessas para países europeus e asiáticos. Novas sanções anunciadas pelo governo estadunidense a partir de novembro de 2018 deverão reduzir ainda mais a quantidade de petróleo em oferta no mundo, contribuindo para a elevação do preço do barril.
Professor associado da Nottingham University Business School, Hafez Abdo acredita que o preço do barril deve superar US$ 100, apesar de países como China e Índia prometerem continuar comprando o petróleo iraniano, mesmo com as sanções. Kenneth B. Medlock III, diretor sênior do Centro de Estudos de Energia do Baker Institute, da Rice University, nos EUA, frisa que as previsões para o futuro são, em geral, inexatas. Entretanto, ele reforça que tais projeções têm o mérito de fornecer uma base do que pode estar por vir, os cenários e as perspectivas positivas e riscos associados a cada um deles.