Desde 2018, quando adquiriu 35% da participação da Petrobras no campo de Lapa, a TotalEnergies se tornou a primeira empresa estrangeira a operar um campo em produção no pré-sal. Localizado a cerca de 300 quilômetros ao sul do Rio de Janeiro, o campo de Lapa tem sua produção feita pelo FPSO Cidade de Caraguatatuba, com capacidade de processar até 100 mil barris de petróleo por dia.
Em 2020, a TotalEnergies concluiu a sua primeira campanha de perfuração como operadora em Lapa, o terceiro campo a entrar em operação no pré-sal da Bacia de Santos, depois de Tupi (ex-Lula) e Sapinhoá. Nesse período tão importante para a empresa, entre os profissionais que fizeram parte do projeto, estava a jovem engenheira subsea e de produção Renata Zimbres, que começava ali a sua trajetória profissional no offshore. “Era um grande marco para a empresa, eram os primeiros poços verdadeiramente da TotalEnergies”, relembra Renata, a nossa quarta entrevistada da série Rotina de Embarcado.
Formada em engenharia de petróleo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renata, 29 anos, começou sua carreira na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), trabalhando com projetos de abandono de poço. Mas ela nunca perdeu o foco do seu verdadeiro objetivo: trabalhar no mar. “Me apaixonei pelo mundo subsea no curso de engenharia de petróleo na UFRJ. Eu sempre quis trabalhar no mar, mas eu vi que o que estava além da superfície era bem mais legal”. Na TotalEnergies veio finalmente a oportunidade de embarcar. “Tive muita sorte porque a capitã do navio acreditou em mim e no meu potencial”.
A seguir, os principais trechos da conversa.
Como começou a sua trajetória no setor de óleo e gás?
Eu comecei a faculdade de engenharia naval porque sempre tive paixão pelo mar, sempre quis trabalhar num navio. No meio desse curso, a indústria naval entrou numa crise, então eu comecei a pensar em ir para a área de energia. Em 2013, eu mudei para o curso de engenharia de petróleo na UFRJ e me apaixonei pelo mundo subsea. Eu sempre quis trabalhar no mar, mas eu vi que o que estava além da superfície era até bem mais legal. Minha paixão é a engenharia subsea. Na ANP eu trabalhei com projetos de abandono de poço. Eu fui para a TotalEnergies com esse escopo, mas depois de um ano eu comuniquei à empresa que eu queria trabalhar embarcada. Tive muita sorte porque a capitã do navio acreditou em mim e no meu potencial de me desenvolver no offshore.
Rotina de embarcado X rotina de escritório: quais as diferenças?
O trabalho embarcado é muito dinâmico e eficiente. A gente não consegue muito planejar as coisas para mais de uma semana, às vezes um dia. No offshore é tudo para hoje, para agora e as coisas mudam o tempo todo. O tempo passa muito rápido. O trabalho é sempre técnico, você sempre vai olhar para as coisas de forma mais pragmática, algo que eu gosto muito.
Que habilidades são necessárias para o profissional trabalhar embarcado?
É preciso ser muito resiliente e saber viver em fases. Por mais que você não esteja no Natal ou Réveillon em casa, você estará na semana seguinte por 15 dias ou 20 dias, e com um tempo de qualidade com a sua família. No trabalho, é preciso ter a habilidade de ser eficiente, saber focar no problema.
Você é muito jovem, ainda não tem 30 anos, e trabalha num setor dominado por pessoas com mais idade. Quais são os principais desafios?
O desafio é trazer suas ideias, seu jeito de pensar, mas sem desmerecer ou invalidar as pessoas que estão ali há muito tempo fazendo aquilo. É questionar sem perder o respeito.
Você tem pouco tempo de embarcada e começou a sua trajetória num dos momentos mais desafiadores para a indústria de óleo e gás, no meio da pandemia da Covid-19. Qual foi o fato mais marcante para você, até agora?
No meu primeiro embarque, eu fiz uma rotação de 28 dias e fiz uma quarentena no hotel de 15 dias. Fiquei 42 dias focada no meu trabalho e mais nada. Era um grande marco para a empresa, eram os primeiros poços verdadeiramente da TotalEnergies. O que me marcou muito foi o desembarque. Porque depois de 42 dias nessa Disney do offshore, tudo parecia diferente. As coisas simples, como ir à praia, eram muito prazerosas.
Na sua opinião, qual a contribuição/importância da indústria de petróleo para o país?
A indústria de óleo e gás fundou o meu curso. A maioria dos laboratórios na universidade era patrocinado pelas operadoras. Então, para mim, a indústria é importante desde a criação de novas carreiras, investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento até a diversificação da matriz energética no mundo. As pessoas pensam que a indústria de óleo e gás não se importa com o meio ambiente. Isso é uma ideia ultrapassada. Tenho muito orgulho da minha empresa, da TotalEnergies. A gente fala sempre em safety first, segurança em primeiro lugar, e isso não é um slogan clichê. Eu vejo isso diariamente no meu trabalho, onde a gente acessa, reacessa e verifica os riscos de toda a operação que fazemos. Temos um super foco na integridade de nossos ativos.
“Não é sobre gênero é sobre pessoas”
Mulher embarcada: quais os principais desafios e a importância da diversidade de gênero nas plataformas?
Mulheres no offshore é o mesmo desafio que mulheres na indústria de tecnologia ou indústrias majoritariamente masculina. Eu sempre falo que não é sobre gênero, é sobre pessoas. O que faz você ser capaz é ter o perfil para trabalhar naquela área. A sociedade e a indústria têm uma expectativa do que é o papel da mulher. O nosso papel é desconstruir isso.
O que levará para sempre na sua vida, algo que aprendeu na sua da rotina de embarcado?
Trabalhando no offshore você aprende a viver no presente. Isso é uma coisa que eu vou levar, essa eficiência, esse pragmatismo de focar onde você está. Eu tenho 15 dias para trabalhar e 15 dias para folgar. Hoje eu tenho muito mais noção de tempo de qualidade. Eu aprendi muito a viver as coisas 100% com o offshore.
Assista também o vídeo de Renata Zimbres no nosso canal no youtube.