O Brasil e a geopolítica do petróleo

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O mapa mundial dos fluxos comerciais de petróleo, gás e derivados deve experimentar fortes mudanças nas próximas décadas e nele o Brasil oferece vantagens competitivas importantes para se tornar um importante player internacional. Especialistas que traçam cenários futuros costumam lembrar que, para entender a configuração da geopolítica do petróleo e gás, é importante identificar não apenas as maiores áreas produtoras e exportadoras do mundo, mas também as regiões com maior potencial de crescimento da demanda por fontes de energia.

Nos últimos cem anos, os países ligados à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que tem dentre seus membros potências como EUA, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, moveram a engrenagem do mercado energético mundial, sendo seu principal polo de consumo. Contudo, esse quadro deve se alterar em breve, com as perspectivas de crescimento populacional e econômico de países da Ásia, sobretudo na China e Índia.

A força do mercado asiático emergente

Alguns números ajudam a visualizar este cenário. A população dos países da OCDE é de 1,3 bilhão de pessoas – 18% do total mundial, de 7,6 bilhões de pessoas. Já na chamada Ásia Emergente vivem 3,2 bilhões de pessoas, quase duas vezes e meia os habitantes da OCDE. Este novo grupo consumidor desafia o mercado de óleo e gás a buscar soluções de como abastecê-lo, em médio e longo prazos.

Especialistas acreditam que a nova geopolítica mundial do consumo mobilizará tanto fornecedores tradicionais de óleo e gás como novos supridores internacionais. E é aí que entra o Brasil, com suas gigantescas reservas de petróleo já descobertas e a descobrir no pré-sal.

Diretor sênior do Centro de Estudos de Energia do Baker Institute, da Rice University, nos EUA, Kenneth B. Medlock III explica essa virada na geopolítica do petróleo. “A Ásia será um alvo potencial durante os próximos 20 ou 30 anos. Esta demanda deverá ser suprida não somente pela produção no Oriente Médio, Rússia e África Subsaariana. Deverá ser suprida também pelo Hemisfério Ocidental, por países como o Brasil.”

Brasil, o novo player global do mercado de óleo e gás

Várias condições impulsionam o Brasil no mercado internacional. Além do avanço no pré-sal, há o apetite de investidores estrangeiros. A produção de petróleo no Brasil já é uma das maiores do Hemisfério Ocidental. E a situação política e econômica da Venezuela, que levou a cortes drásticos na produção de petróleo, favorecerá o país, tornando-o alvo preferencial de investimentos estrangeiros na América Latina e potencial exportador para a Ásia.

*Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018