O aumento da exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal deverá impulsionar a indústria petroquímica brasileira, segundo alguns de seus players, para quem a atividade no país está muito aquém de seu potencial de oferta. Atualmente, a produção da indústria petroquímica corresponde a 11% do PIB Industrial brasileiro, mas essa participação pode aumentar bastante, principalmente se for levado em conta que o setor opera com menos de 80% de sua capacidade.
A indústria petroquímica brasileira não vem crescendo no mesmo ritmo do setor de óleo e gás: 70% das matérias-primas, como nafta e etano, são importados. Mas o pré-sal deverá mudar esse quadro, abrindo muitas oportunidades para o setor.
Segundo Marcelo de Oliveira Cerqueira, vice-presidente da Unidade de Negócios de Químicos e Vinílicos da Braskem, a capacidade da indústria química no Brasil poderá mais que dobrar ao utilizar óleo e gás natural do Brasil oriundo do pré-sal.
As oportunidades também vão trazer desafios. Será preciso investir em infra-estrutura para escoamento de produtos, como portos e dutovias, um dos principais gargalos do setor.
Em média, 15% da produção de combustíveis fósseis vão para a petroquímica. Os produtos derivados do petróleo e suas utilidades envolvem cadeias de produção diversas e estão presentes no dia a dia de todos e em quase todas as atividades econômicas, desde a agricultura, varejo, construção, civil, indústrias alimentícia e de higiene, até a indústria automobilística. Somente no Brasil, há 12 mil empresas transformadoras de plástico.
Uma tendência recente no mercado é a associação de empresas produtoras de óleo e gás com indústrias petroquímicas. Um dos motivos é fazer frente à possível redução no futuro do consumo de fontes de energia não renováveis. Com isso, a petroquímica torna-se um nicho importante para as petrolíferas. Juntas, as duas áreas dividem custos e riscos, otimizam processos e, em sinergia, buscam soluções para questões envolvendo a sustentabilidade e o meio ambiente. Também investem juntas no aperfeiçoamento digital dos processos.
João Benjamin Parolin, diretor-superintendente da Oxiteno, afirma que “a indústria petroquímica está à beira de uma mudança de paradigma”. Grandes petroleiras, como ExxonMobil, Saudi Aramco e Sinopec, vêm entrando em atividades petroquímicas, o que viabiliza novas tecnologias, como a Crude Oil to Chemicals (COTC), que aumenta o percentual de conversão de crus em produto petroquímico.
A demanda mundial por petroquímicos continuará crescendo, acompanhando o aumento do PIB Mundial, em especial da Ásia. Parolin cita projeções da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para 2040, segundo as quais o crescimento da demanda de produtos a partir do refino do petróleo será de 0,6% ao ano. Já o crescimento de petroquímicos será quase o dobro, de 1,1% ao ano.
* Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018