Gestão de riscos é primordial para segurança das atividades de óleo e gás

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ATUALIZADO EM julho 2023

O Além da Superfície vem destacando o conjunto de ações que a indústria de óleo e gás realiza para continuar com o nível de excelência na segurança de suas operações. Nosso convidado de hoje é o Diretor de Segurança e Sustentabilidade da Equinor Brasil, Igor Ojeda, que destacou a importância da gestão de riscos em todas as fases de um projeto para garantir que as atividades sejam cada vez mais seguras. “A segurança é parte dos nossos valores como empresa e uma das nossas prioridades.” Confira a entrevista completa:

Além da Superfície – A indústria trabalha há anos em um alto nível de segurança, produzindo e transportando petróleo todos os dias sem que ocorram acidentes graves. Quais as ações que a Equinor realiza diariamente para fazer com que as operações sejam realmente seguras para as pessoas e para o meio ambiente?

Igor Ojeda – A segurança tem melhorado cada vez mais em nossa indústria, pois temos, de certa forma, aprendido com incidentes passados. Segurança operacional é um termo muito abrangente, que envolve vários parâmetros. Para mim, quando falamos sobre esse tema, eu vejo a gestão adequada de barreiras, sejam elas operacionais ou técnicas, como sendo um dos pilares mais importantes. E essa gestão não acontece apenas no momento da operação, vai desde a fase de projeto, quando se idealiza operações futuras e os ambientes de trabalho, para que eles sejam os mais seguros possíveis, passando pelo acompanhamento desse projeto na parte de execução, até a transição para a operação. E, uma vez em operação, é necessário garantir que as barreiras técnicas e operacionais sejam mantidas no seu melhor nível, fazendo uma avaliação constante delas. Porque ao longo do tempo, na fase operacional, existe uma tendência de degradação dessas barreiras. Um exemplo seria corrosão, que pode contribuir para a degradação de uma barreira técnica, levar à perda de contenção e, consequentemente, para um cenário de vazamento de hidrocarbonetos, fogo ou explosão. Por isso, de tempos em tempos, precisa-se avaliar a integridade de suas barreiras e saber se existe algum tipo de ação gerencial para que uma determinada barreira seja fortalecida. Aqui na Equinor nós fazemos esse tipo de gestão e isso nos permite manter um olhar amplo sobre a segurança de nossas operações, em linha com uma de nossas principais prioridades que é a segurança.

A cultura de segurança acaba sendo parte de toda a vida do profissional do setor de óleo e gás, do momento em que sai de casa para trabalhar até voltar para sua família. Como a indústria conseguir alcançar esse nível?

A cultura de segurança não é feita da noite para o dia. Quando uma pessoa vem trabalhar na Equinor, ela já traz consigo os seus valores e a sua própria cultura, que é construída a partir da família ou das experiências anteriores no ambiente profissional. A Equinor busca ser uma líder dentro da área de segurança e foi construindo, ao longo dos seus 50 anos, seu sistema operacional e de gestão. Hoje, quando a gente recebe um funcionário para trabalhar na empresa, seja na área administrativa ou na operacional, essa pessoa começa a sentir uma cultura de segurança muito bem estabelecida. Entende que aquilo que a gente fala a gente vive. Estabelecer uma cultura de segurança é justamente isso, você viver aquilo que você fala. Na Equinor, a gente não coloca a produção à frente da segurança. A nossa expectativa é que o indivíduo, dentro do seu mundo de influência e na sua prática diária, também exerça isso e expanda essa cultura de segurança para seu ambiente familiar. As empresas querem que a pessoa venha trabalhar e retorne para casa de forma segura. A gente quer ter alta produção com pessoas chegando e saindo íntegras, em um ambiente de trabalho bom e seguro. Então, quando estabelecemos isso no ambiente profissional, estamos tornando essa pessoa mais consciente na sua vida privada e isso é uma consequência direta de uma boa cultura de segurança na empresa.

Com a sua experiência na indústria, como você enxerga o papel da tecnologia nesse trabalho de proteção ao meio ambiente e às pessoas, a partir de operações mais seguras?

Eu acho que a tecnologia, nessas últimas duas décadas, tem contribuído muito para as empresas conseguirem fazer uma boa gestão de riscos. E quando eu falo em tecnologia, falo em ferramentas que nos permitem diminuir a exposição das pessoas ao risco. Vou dar um exemplo: a inspeção em altura pode ser feita por drones. Isso é fantástico! Outra ferramenta que estamos começando a utilizar na indústria é a inspeção de tanques por meio de robôs. Mais uma vez, você diminui a exposição evitando a entrada de indivíduos em espaços confinados, que já é uma atividade por si só com risco envolvido. Você não colocaria mais as pessoas dentro do tanque para fazer inspeção ou mapeamentos. Isso será uma mudança bem grande quando falamos de risco. A gente consegue ter resultados similares entregues por máquinas e robôs, reduzindo a exposição humana a riscos.

A gente falou da segurança com relação às pessoas. Você poderia falar agora do cuidado que a indústria tem com o meio ambiente e também sobre a questão da transição energética?

A transição energética é um tópico que está bem forte na agenda da indústria de energia. O que estamos percebendo é que não conseguimos fazer uma transição energética para uma matriz mais limpa sem que ela seja subsidiada pelo óleo e gás, que vai permanecer e vai dar recursos financeiros para que a indústria consiga caminhar para uma matriz mais limpa no futuro.

Quando a gente olha para a indústria no Brasil, a gente consegue ter produção de óleo e gás impactando menos o meio ambiente. Para isso, monitoramos constantemente os indicadores para saber onde precisamos ajustar, caso necessário. Um desses indicadores é a intensidade de emissão de CO² na produção. Estamos sempre pensando em como diminuir os níveis de emissões nas nossas operações. Em Peregrino, por exemplo, reduzimos o consumo de diesel com a importação de gás para geração de energia no campo. Um impacto positivo enorme quanto à emissão de CO². As empresas estão olhando sim para o portfólio que já existe de óleo e gás pensando de que forma podem trabalhar para reduzir o impacto no meio ambiente.

É importante que a gente tenha os fundamentos de segurança bem implementados em todas as nossas operações para que a gente tenha a certeza de que vai conseguir chegar no nível de produção que precisa, de forma segura, e com a geração de valor necessária para se manter e financiar a transição.

Um assunto que vem se discutindo muito no momento é a Margem Equatorial como nova fronteira petrolífera. Como uma governança bem feita pode auxiliar no início de produção em um local ainda não explorado?

A base do sucesso de qualquer empreendimento é um bom planejamento com governança e gestão de riscos sólidas. Então digamos que a gente tenha que trabalhar na Margem Equatorial ou em alguma área que a gente não operou no passado: a governança vai te pedir que você entenda aquela região, mapeie os riscos envolvidos, os stakeholders com quem você precisa trabalhar, e, no final das contas, a empresa vai ter que responder se possui capacidade e competência para entregar ou atender um determinado projeto de forma segura, eficiente, que vai adicionar valor ao negócio.

A governança da Equinor é madura o suficiente para te responder isso. Então, a resposta para sua pergunta é a maturidade da governança de cada empresa. O que eu posso dizer é que a governança da Equinor é bem estabelecida, já são anos de experiência. Ela foi toda concebida e desenhada com base nas nossas experiências na Noruega, mas quando trazemos essa governança para o Brasil, ou levamos para qualquer parte do mundo, adaptamos para as especificidades do país onde estamos trabalhando.