O desenvolvimento da indústria de petróleo e gás natural tem desempenhado um papel central no progresso econômico do Brasil. Essa história de sucesso tem sido resultado de décadas de esforços de agentes públicos e privados, assim como da superação de desafios de tipo geológico, tecnológico e regulatório para aproveitar o imenso potencial energético existente em nosso país.
O início dessa empreitada começou na década de 1950 com a criação do sistema Petrobras, e a construção de capacidades produtivas e tecnológicas para viabilizar a operação da empresa estatal em distintos elos da cadeia da indústria inicialmente no segmento de refino, e, com a descoberta de recursos na bacia de Campos, no segmento de exploração e produção offshore.
A expertise acumulada pela Petrobras para operar em uma indústria globalmente integrada foi ampliada com a abertura do segmento upstream no final de 1990 e megaciclo de elevada cotação dos preços do barril de petróleo que iniciou a começo da década de 2000.
Após quase três décadas desde a implementação do novo modelo institucional e regulatório para gerir as atividades de E&P, o número de agentes atuando no setor aumentou de 1 para mais de 50 empresas operadoras ao longo das diferentes rodadas de licitação, gerando maior concorrência e atraindo novos investimentos.
Desde o início da década de 2000, o volume de reservas provadas de petróleo aumentou de 8 para 14,8 bilhões de barris em 2023, atingindo o pico em cerca de 16 bilhões de barris em 2016. Nesse aspecto, é importante destacar o sucesso das campanhas de exploração no pré-sal, que em 2007 levaram à descoberta de grandes volumes de óleo em uma nova fronteira geológica.
No mesmo período, a produção nacional aumentou de 1,2 para 3,4 milhões de barris por dia. Esses resultados têm posicionado o Brasil como o maior produtor de petróleo da América Latina e o oitavo maior do mundo.
Em 2023, o Brasil registrou um crescimento significativo em suas reservas provadas de petróleo, atingindo 15,9 bilhões de barris, o que representa um aumento de 7% em comparação com 2022. Esse crescimento elevou o país à 15ª posição no ranking mundial de reservas provadas de petróleo[1].
No contexto global, as reservas provadas de petróleo alcançaram 1,8 trilhão de barris, com destaque para os países da OPEP, que detêm 69,5% do total mundial. Apesar de a Venezuela continuar liderando o ranking com 303 bilhões de barris, o aumento nas reservas brasileiras reflete o contínuo desenvolvimento do setor no país e sua importância crescente no cenário energético global.
A indústria de óleo e gás ocupa o primeiro lugar na participação do PIB industrial brasileiro, representando 17,2% do valor adicionado da indústria. Entre 2020 e 2021, o segmento de extração e produção de petróleo e gás natural viu sua participação no PIB industrial aumentar de 4,4% para 11,6%, impulsionado por um aumento de cerca de 70% no preço internacional do petróleo, apesar da queda de 1,5% na produção nacional. Por outro lado, o segmento de derivados e biocombustíveis manteve-se estável, com uma leve variação em sua participação no PIB industrial, de 5,8% em 2020 para 5,6% em 2021[2].
A importância e o impacto positivo do setor de óleo e gás no Brasil vão além da produção, posicionando-o como um dos principais propulsores da geração de empregos no país. Com mais de 1,6 milhão de pessoas empregadas, direta e indiretamente, o setor oferece salários que estão entre os mais altos do mercado, superando com folga a média da indústria em geral. Essa capacidade de criar empregos, especialmente em cargos que exigem alta qualificação, sublinha o papel estratégico do setor, não só na economia, mas também na promoção do desenvolvimento social e na geração de renda para milhões de famílias brasileiras.
O setor de óleo e gás desempenha uma função essencial na geração de receitas para o Estado brasileiro, contribuindo significativamente para o orçamento público. Em 2022, o setor alcançou um recorde histórico na arrecadação de royalties e participações especiais, totalizando R$ 110,8 bilhões.
Em 2023, o setor de petróleo e gás gerou R$ 91,6 bilhões em royalties e participações especiais. Especificamente, os royalties somaram R$ 53,6 bilhões, sendo distribuídos entre a União (R$ 16,3 bilhões), Estados (R$ 14,4 bilhões), Municípios (R$ 18,2 bilhões) e o Fundo Especial (R$ 4,5 bilhões). Nos últimos 10 anos, a arrecadação acumulada com royalties atingiu R$ 280 bilhões, sublinhando sua importância para os cofres públicos[3].
Com a produção de petróleo e gás natural em contínua expansão, as projeções indicam que o setor deverá gerar mais de R$ 400 bilhões para os cofres públicos entre 2024 e 2027. Essa receita fortalecerá a capacidade fiscal do Estado, permitindo investimentos estratégicos em áreas essenciais, como infraestrutura, educação e saúde, e promovendo um desenvolvimento sustentável e equilibrado para o Brasil.
Em 2023, a indústria de óleo e gás natural no Brasil destinou R$ 3,9 bilhões para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). O número de projetos focados em eficiência energética e fontes de baixo carbono aumentou significativamente, passando de 25 em 2018 para 91 em 2023, enquanto os investimentos nessa área cresceram de R$ 46 milhões para R$ 782 milhões. Esses recursos foram alocados em diversas tecnologias, com 35% direcionados para biocombustíveis, 28% para energia eólica, 13% para hidrogênio, 9% para CCUS, 9% para sistemas híbridos, 6% para energia solar e 1% para energia dos oceanos[4].
Quer entender mais sobre o setor? Explicamos aqui os 15 termos e expressões mais usadas na indústria.
[1] ANP, 2024
[2] CNI, 2024.
[3] ANP, 2024.
[4] ANP, 2024.