Em 2006, quando a Petrobras descobriu o pré-sal – uma das mais importantes descobertas em todo o mundo na indústria de óleo e gás – o Brasil inaugurou um novo capítulo na sua história da energia.
O pré-sal colocou o Brasil entre os maiores produtores mundiais de petróleo em um curto espaço de tempo. A produção nacional nesses campos vem batendo sucessivos recordes. O mais recente foi em setembro de 2021, quando a extração nos campos do pré-sal alcançou o volume de 2,85 milhões de barris de óleo equivalente (boe) /dia. A região representa hoje 74,1% do total da produção nacional, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Mas, onde fica o pré-sal? A área foi definida por um polígono com 149 mil km², entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, cobrindo grande parte das bacias de Santos e de Campos, maiores bacias produtoras do país. O reservatório de petróleo localiza-se em águas ultra profundas – até 7 mil metros abaixo da superfície da água.
Óleo mais leve
Uma das principais características do óleo extraído do pré-sal é a sua qualidade. De densidade mais leve, o petróleo no polígono do pré-sal é mais fácil de refinar, e com isso acaba sendo mais valioso. O óleo do pré-sal também tem baixo teor de enxofre, o que contribui para a produção do diesel S-10 e combustível de navegação.
Tupi, o grande produtor
O primeiro grande sistema de produção do pré-sal da Bacia de Santos a entrar em operação foi o piloto de Tupi, em outubro de 2010. Desde a descoberta de Tupi, a produção acumulada no pré-sal já ultrapassou os 5 bilhões de barris. Esse número, de acordo com a ANP, é maior que toda a produção acumulada em campos terrestres desde 1941, que somou 4,96 bilhões de barris óleo equivalente.
Considerado o maior campo produtor em águas profundas do mundo, Tupi responde por cerca de 45% do volume produzido no pré-sal e tem uma produção média mensal de óleo de cerca de 1 milhão de barris por dia (bpd). Até o momento, apenas 5% das reservas provadas do campo foram extraídas, o que deve manter Tupi no topo dos maiores produtores do Brasil ainda por muitos anos.
Búzios, o maior campo em águas profundas
Descoberto em 2010, o campo de Búzios é considerado o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo, com área de 850 km². Suas reservas substanciais tem baixo custo de extração e deve chegar ao final da década com a produção diária acima de 2 milhões de barris de óleo equivalente por dia, tornando-se o ativo da Petrobras de maior produção. Atualmente, há quatro unidades em operação em Búzios.
Conheça a Bacia de Santos, o berço do pré-sal
Primeiro leilão do pré-sal
O primeiro leilão do pré-sal foi realizado no dia 21 de outubro de 2013 e marcou também o início de Rodadas da ANP pelo regime de partilha, instituído no país em 2010. Apesar de ter sido arrematado pela oferta mínima e com bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, o leilão surpreendeu especialistas porque reuniu duas gigantes europeias: Shell e a Total, que ficaram com 20% cada; e duas estatais chinesas CNOOC e CNPC, com 10% cada uma. A Petrobras ficou com os outros 40%.
Prêmios internacionais
Para explorar as reservas na camada do pré-sal em águas ultraprofundas, a Petrobras e parceiros desenvolveram tecnologias pioneiras reconhecidas internacionalmente em 2015, com a premiação OTC (Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions). Ao todo, 10 novas tecnologias foram aplicadas em condições únicas no pré-sal da Bacia de Santos. Entre os destaques estão o desenvolvimento de diferentes soluções de sistemas de dutos de coleta submarinos, novas soluções para a construção de poços e a concepção de sistemas de separação e injeção de CO2. Em 2021, a Petrobras recebeu novamente o prêmio da OTC. Desta vez por tecnologias desenvolvidas para viabilizar a produção de Búzios, o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo.
Alta concentração de CO2
Em alguns poços do pré-sal, o petróleo produzido está associado à grande concentração de CO2 no gás natural. Para otimizar a produção, o CO2 é separado por um sofisticado sistema de membranas, que separam as moléculas do gás carbônico dos demais fluidos. Uma vez separado, o CO2 é reinjetado, para aumentar a pressão nos reservatórios e a produtividade dos poços, além de reduzir a emissão de gases efeito estufa.
A tecnologia de separação e reinjeção de CO2 em ambientes offshore em grandes profundidades foi adotada primeiramente no projeto-piloto do campo de Tupi. A Petrobras bateu o recorde global de poço submarino mais profundo com injeção de gás com CO2, em profundidade de água 2.220 metros.