Um dos principais temas da agenda global na atualidade, mudanças climáticas é um assunto que vem mobilizando governos, empresas, instituições e, principalmente, a sociedade. Em 2020, o Relatório de Riscos Globais revelou que os problemas relacionados às mudanças climáticas dominaram as preocupações de especialistas do Fórum Econômico Mundial para a próxima década. Pela primeira vez, em 15 edições do documento, a questão ambiental apareceu em todos os cinco pontos de atenção para governos e mercados.
O que você precisa saber sobre mudanças climáticas
Assim como em outros setores, a agenda ambiental também tem termos e expressões técnicas próprias que encontramos no noticiário e na internet, mas nem sempre sabemos exatamente seu significado. Falar sobre mudanças climáticas é tratar, por exemplo, sobre aquecimento global, gases do efeito estufa, Acordo de Paris, COP-26, pegada de carbono, entre outros assuntos. O Além da Superfície preparou um conteúdo especial para você ficar por dentro de tudo sobre mudanças climáticas. E, neste outro link, confira mais conteúdo que detalha a relação entre mudanças climáticas e o setor de energia. Boa leitura!
O que são mudanças climáticas?
Mudança climática são alterações provocadas nos padrões climáticos. Pode ser uma modificação na quantidade de chuva ou na temperatura de um lugar por um mês ou estação. Também é uma mudança nos padrões climáticos da Terra, que provocam variações na temperatura do planeta. Essa transformação pode ser causada por processos naturais e também pela ação do homem.
As mudanças climáticas estão associadas ao crescimento da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Com mais desses gases, aumenta a quantidade de calor vinda do sol que fica retido na Terra, provocando alterações não apenas na temperatura do planeta, mas também no clima. Os efeitos do chamado aquecimento global podem ser mudanças nos períodos de chuva e seca; maior frequência de fenômenos climáticos, como tempestades; e aumento da temperatura média global e o nível do mar.
A emissão de GEE registrou crescimento a partir do final do século 18 com a expansão da produção industrial. As projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) indicam que nos próximos 100 anos poderá haver um aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4,0°C, com impactos nas atividades humanas e nos ecossistemas terrestres.
O que é o efeito estufa?
O efeito estufa é um fenômeno natural que faz com que a temperatura da superfície da Terra seja favorável à existência de vida no planeta. Se ele não existisse, a temperatura média da superfície da Terra seria -18°C, ao invés dos 15°C que temos hoje. O que está acontecendo no mundo hoje é um aumento da emissão de GEE, com impactos no clima.
Uma comparação feita pelo Ministério do Meio Ambiente nos ajuda a entender como funciona o efeito estufa. Imagine um ônibus parado sob a luz do sol. Os raios chegam, passam pelos vidros e aquecem o interior (calor). Esse calor procura sair pelos vidros, mas tem dificuldade de passar. Uma parte acaba presa no ônibus, aquecendo-o.
O mesmo ocorre com a atmosfera da Terra. Alguns gases, como vapor d’água e gás carbônico (CO2), funcionam como o vidro do ônibus, deixando entrar a radiação, mas dificultando o retorno do calor para o espaço. Quando aumenta a concentração de gases na atmosfera, o efeito estufa fica mais intenso e, portanto, fica mais difícil o calor ir para o espaço. Essa diferença causa o aquecimento da baixa atmosfera, elevando a temperatura média da Terra e causando mudanças climáticas. O CO2 (dióxido de carbono), também chamado de gás carbônico, é um dos GEEs mais relevantes porque persiste por mais tempo na atmosfera.
Em 2018, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) concluiu que os governos precisam alcançar a neutralidade nas emissões de dióxido de carbono até 2050 e de todos os gases de efeito estufa até 2070.
O que é pegada de carbono?
É o total de emissões de GEE causadas por uma organização, serviço, produto ou pessoa.
O que é neutralidade de carbono?
Significa retirar da atmosfera, por diferentes vias, a mesma quantidade de CO2 que é emitida. Com isso, se atinge um balanço zero, ou pegada de carbono zero. A neutralidade de carbono tem sido perseguida por muitas empresas, organizações e países. Atingir a neutralidade não significa zerar a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE), mas compensar o que é emitido pela absorção do carbono por outros métodos, como o plantio de florestas e sequestro de carbono, por exemplo.
O que é o Acordo de Paris?
O Acordo de Paris, firmado em dezembro de 2015 durante a COP-21 (Cúpula do Clima), marca o compromisso de 195 países com a redução da emissão de gases de efeito estufa. A principal meta é limitar o aumento da temperatura média global abaixo de 1,5°C na comparação com a era pré-industrial. Para isso, o acordo estabelece que os países executem um plano climático de mitigação das emissões a cada cinco anos, apresentando um progresso além dos seus esforços anteriores.
O que é a COP-26 e qual sua importância para o mundo?
Prevista para ser realizada em novembro deste ano, em Glasgow (Escócia), a COP-26 é 26a conferência das partes organizada pela UNFCCC e lá acontecerão as negociações ainda pendentes do livro de regras do Acordo de Paris (Artigo 6). Além disso, os países signatários do Acordo de Paris deverão prestar contas sobre a evolução das ações necessárias para o cumprimento de metas, bem como mostrar propostas mais rígidas para reduzir as emissões até 2030. No Brasil, a meta é reduzir as emissões em 43%, até 2030, em relação às emissões registradas em 2005.
Em abril deste ano, o tema mudanças climáticas teve grande visibilidade mundial com a realização da Cúpula dos Líderes do Clima, convocada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e que reuniu chefes de mais de 40 países, inclusive o Brasil.
O evento foi tido como um encontro preparatório para a COP-26, apesar de não fazer parte do calendário oficial da ONU (Nações Unidas). No evento, o governo brasileiro disse que o país alcançará, até 2050, a neutralidade de emissões no país, antecipando em dez anos a sinalização prevista no Acordo de Paris. Outro compromisso foi com o fim do desmatamento ilegal até 2030.
O que são as NDCs?
No Acordo de Paris, os países se comprometeram a cumprir metas nacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Elas são conhecidas como Nationally Determined Contributions (NDCs). A tradução oficial do governo é “Contribuição Nacionalmente Determinada”. As NDCs mostram as metas de cada país para a redução de emissões.