O mercado de combustíveis e a chegada da Geração Z ao poder de consumo

Transição Energética > Sustentabilidade
ATUALIZADO EM outubro 2019

Hoje, o mundo tem cerca de 7,5 bilhões de habitantes e estima-se que até 2070 seremos 10 bilhões de pessoas demandando cada vez mais energia e de forma mais limpa. Ao longo das atuais gerações, houve uma mudança no comportamento do consumidor e de exigência quanto à forma que se consome energia. Ao mesmo tempo que estão cada vez mais ávidos por inovações tecnológicas, os consumidores também exigem que as empresas estejam alinhadas com a sustentabilidade. As empresas precisam cada vez mais se questionar como as futuras gerações vão querer consumir energia e como vão querer se locomover. Se hoje o cenário energético é baseado em combustíveis fósseis, em 2070 será baseado em eletricidade.

O comportamento de cada geração ao longo dos anos

Os baby boomers, como são conhecidos os que nasceram logo após a Segunda Guerra Mundial (entre 1940 e 1959), são pessoas que buscam estabilidade, um emprego fixo e têm um comportamento ideológico em relação à consumo preferindo livros, cultura, música. Carros eram um artigo de luxo para as famílias mas não eram considerados itens essenciais ou sonho de consumo.

Os nascidos entre 1960 e 1979 são chamados de Geração X e fazem parte da geração que mais consome artigos de luxo e de marca como balizadores de status social. Carros são itens ‘obrigatórios’ para esses consumidores e demonstram sucesso profissional e pessoal. Nessa época, a preocupação com a preservação do meio ambiente ainda não estava inserida na agenda global e não era raro encontrar famílias nas quais cada membro possuía um carro próprio.

Já a Geração Y, ou millennials, possui um comportamento completamente oposto à geração anterior. Sem interesses por marcas e posses, priorizam experiências e conhecimentos como viagens a carro, por exemplo. Nascidos entre 1980 e 1999, hoje, são os consumidores que começaram o movimento de consumo consciente e estão sendo seguidos pela geração posterior, a Geração Z.

A geração Z e a mudança no comportamento do consumidor

Nascidos a partir dos anos 2000, esses jovens já representam 24% da população mundial e a característica mais marcante é o contato desde muito cedo com os avanços tecnológicos e a preocupação com o meio ambiente. Esses fatos fazem com que essa geração priorize o consumo de marcas eticamente comprometidas e alinhadas com o discurso que transmitem.

Desde muito cedo escutam sobre o uso de combustíveis fósseis e a emissão de carbono causada por eles e que são responsáveis pelo aquecimento global, mas ao mesmo tempo sabem que o comportamento humano pode ajudar a reverter esse cenário e que diversos países estão comprometidos em cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.

O automóvel passou a ser considerado apenas um meio de transporte e que, quanto mais limpo para o meio ambiente, melhor.  Junto a isso, esses jovens crescem com a real possibilidade de usar veículos elétricos ou movidos a biocombustíveis, aliando tecnologia de ponta e sustentabilidade.

O que o setor de óleo e gás tem a ver com isso?

O setor de óleo e gás está inserido nesse contexto não só como fornecedor de combustíveis fósseis, mas também como propulsor de novas tecnologias. Com o processo em curso da transição energética e a preocupação em limpar cada vez a matriz energética mundial, o setor se vê como parte dessa solução e busca investir cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento e se comprometendo na missão de reduzir a emissão de carbono na atmosfera.

Durante palestra da Rio Oil & Gas, a gerente de relações governamentais, estratégia e planejamento da Shell, Monique Gonçalves, falou sobre como a empresa vê o processo de transição energética: “Para nós, a transição não é necessariamente uma ameaça. Não somos uma empresa de petróleo, somos uma empresa de energia. Essa transição energética que falamos é uma oportunidade”.

A empresa também se mostra preocupada com o consumidor e seus hábitos de consumo. “Não faz sentido nenhum desenvolvermos estratégias se o consumidor não estiver no centro dessa decisão, fazendo suas escolhas, como ele quer se locomover, como ele quer consumir energia”, destacou Monique.

Nos próximos anos, a taxa de crescimento de eletrificação será 3x maior e o setor de carros elétricos deve acompanhar esse cenário. A executiva citou dados com os quais estima-se que, em 2025, cerca de 35% da venda de novos automóveis será de carros elétricos. Já em 2035, acredita que nos EUA, China e Europa, 100% dos novos carros serão movidos a energia elétrica.

Esse cenário é uma oportunidade para as empresas mostrarem todo seu potencial em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias alinhados com a agenda sustentável e com a demanda do consumidor.