*Por Caio Mello, do Canal Meio.
As mulheres representam apenas 23% da força de trabalho na indústria global de petróleo e gás, e esse número cai para 1% quando se olha para cargos de CEOs. Apesar de o diagnóstico ser negativo, o prognóstico aponta para um caminho mais diverso, com as empresas se articulando para ampliar as oportunidades para mulheres no setor.
Um exemplo é o projeto “O Mar Também É Delas”, do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). Nesse caso, o foco é específico na equidade de gênero no ambiente offshore. A iniciativa é apoiada por Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, SLB, Subsea7, Ocyan e Capco e tem, como uma das principais entregas, a construção de um “Pacto pela Equidade de Gênero Offshore”, assinado na OTC Brasil, um dos maiores eventos de tecnologia offshore do mundo.
Além de um diagnóstico, o projeto aposta em visibilidade e inspiração. O site da iniciativa traz uma curadoria de conteúdo com boas práticas, oportunidades e uma agenda de eventos sobre equidade no setor. Além disso, a OTC Brasil premiou trajetórias femininas no ambiente offshore. O evento tinha como proposta ampliar referências e mostrar caminhos possíveis para outras profissionais.
Em paralelo, o IBP – por meio da Universidade Setorial de Petróleo e Gás (UnIBP) -mantém um programa de mentoria feminina pensando em duas etapas: o início ou fase intermediária da carreira, em que as participantes são preparadas para assumir posições de liderança; e a fase de consolidação na gestão, com foco no aprimoramento de competências, na troca de experiências e na formação de altas lideranças femininas. Ao todo, já foram 260 profissionais mentoradas e mais de 60 empresas participantes.
Desde 2018, a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Instituto coordena programas e grupos de trabalho com foco em Diversidade, Equidade e Inclusão. Um levantamento recente, realizado pelo Grupo de Trabalho de Gênero do IBP, revelou que 59% das empresas do setor já praticam equiparação salarial de gênero para cargos iguais, mas ainda há pouca fiscalização sobre a aplicação real dessas políticas.
Não apenas a igualdade de gênero, mas a equidade racial também está na pauta. Lançado em 2023, o programa de diversidade ZIGA pretende dar visibilidade a profissionais negros na indústria e gerar oportunidades por meio de ações afirmativas. O nome vem do idioma kikongo e significa “existir”. Nesse caso, um formulário de autoidentificação e uma trilha de aprendizagem – elaborada pela UnIBP em parceria com o GT de Raça e Etnia do IBP – servem como base da iniciativa, que também foi destaque na OTC Brasil 2025.
A baixa representatividade feminina e negra em cargos estratégicos não é só um problema social. Estudos mostram que empresas com maior diversidade têm melhor desempenho financeiro e índices mais altos de inovação. Isso porque ambientes inclusivos reduzem a rotatividade e ampliam a capacidade de resposta a diferentes crises. A equidade, portanto, além de ser uma questão de justiça e igualdade, impacta diretamente os resultados econômicos.
Por isso, para o IBP e as empresas parceiras, promover diversidade não é e não pode ser apenas uma ação de marketing, mas sim uma estratégia de futuro. A partir de metas claras, compromisso público e investimento contínuo, O foco é acelerar essas mudanças para que a transformação, ainda em curso, tenha direção definida e haja mais pluralidade no setor.