O que saber sobre segurança cibernética na indústria de óleo e gás

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A transformação digital do setor de Óleo e Gás (O&G) vem trazendo uma série de benefícios: a conectividade entre equipamentos, o uso de drones, a inteligência artificial, entre outras tecnologias que propiciam muitos ganhos em termos de produtividade, eficiência e segurança.

Essa transformação está sendo essencial para a fase que vivemos atualmente com a pandemia do Covid-19, que levou a mudança de parte da força de trabalho para o ambiente doméstico, trazendo uma maior importância e atenção para o tema.

A conectividade também traz à tona, com mais força, a segurança cibernética, assunto que vem preocupando cada dia mais os dirigentes de empresas. Hoje, 62% dos executivos globais classificam os ataques cibernéticos e as ameaças como uma das maiores prioridades de gerenciamento de riscos das suas organizações para 2020, segundo pesquisa da Marsh & McLennan com 1.500 executivos.

E qual o impacto dos cyberataques na indústria de óleo e gás? O Além da Superfície  acompanhou o webinar Tech Terça – Gestão da Segurança Cibernética em tempos de crise da COVID-19, realizado em 9 de junho, e conta o que ouviu dos especialistas. Acompanhe aqui o que você deve saber sobre segurança cibernética na indústria de óleo e gás.

Aumento de 700% em e-mails maliciosos

Quando falamos no setor de O&G temos que entender que esses cyberataques podem provocar perdas bilionárias, paralisação de plantas industriais e até semanas de inatividade nas companhias. Em março deste ano, houve aumento de 700% em e-mails maliciosos e 13 mil ataques de phishing (tipo de ataque que consiste em “pescar” informações e dados pessoais importantes através de mensagens falsas), contra 1.800 registrados no mês anterior.

Nos próximos dois anos, a estimativa de perdas provocadas pelo cybercrime chega a US$ 6 trilhões. “O problema não é mais se você vai ser atacado ou não, mas quão rápido você poderá responder”, afirma Carlos Nunes, executivo de Watson IoT (Internet das Coisas) da IBM para a América Latina.

A indústria de óleo e gás não está indiferente nem imune aos ataques e, durante a pandemia, muitas companhias promoveram palestras de conscientização e distribuíram comunicados aos colaboradores, disseminando cuidados para evitar ataques. A seguir, dados extraídos da pesquisa realizada durante o webinar:

O debate sobre a segurança cibernética torna-se ainda mais necessário devido à implantação acelerada das tecnologias digitais, como o 5G que permitirá uma maior conectividade entre equipamentos e, por outro lado, mais portas abertas para ataques cibernéticos.

“Até antes mesmo da pandemia, percebemos que a indústria 4.0 e a digitalização da plantas de óleo e gás já haviam apresentado um novo desafio nas ações de proteção e segurança das instalações industriais. Ou seja, como balancear o uso de tecnologias modernas mantendo um ambiente seguro”, afirma Edilbert Silva, gerente de tecnologia da informação da BP.

Para Melissa Fernandez, gerente de Tecnologia e Inovação do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o avanço da transformação digital traz também riscos na segurança operacional e exige das empresas uma ação integrada. “Os sistemas que hoje interconectam equipamentos, refinarias e plataformas possuem uma superfície de ataque ampla. Para atuar com eficiência, é importante implantar um framework para detectar e responder ameaças, além de proteger sua rede corporativa. Ou seja, é preciso uma abordagem integrada e não ações de efeito isolado”, explica.

Em março deste ano, o grupo Cosan, que atua na distribuição de combustíveis, de gás natural e de lubrificantes, foi alvo de um ataque hacker que causou uma interrupção parcial e temporária das operações.

Integrante do Charge of Trust, uma articulação internacional de empresas que fomenta a criação de protocolos internacionais de segurança cibernética, Henrique Paiva, diretor de Relações Governamentais da Siemens, diz que hoje o tema cybersegurança é tão urgente quando a discussão sobre as mudanças climáticas.

“A velocidade do impacto global dos ataques cibernéticos é exponencial. Nosso desafio é criar modelos de negócios baseados em um modelo digital seguro”, argumenta Paiva. Criado em 2018, o Charter of Trust reúne companhias de diferentes áreas, incluindo tecnologia, óleo e gás, energia elétrica, transportes e seguradoras.